Quando a NASA decidiu aposentar seus ônibus espaciais e depender da Rússia para entrar em órbita, sabíamos que tudo estava prestes a mudar na era do transporte espacial.
Estamos entrando numa era de viagens comerciais semelhante aos primórdios da viagem aérea privada de um século atrás. Só que agora não é só somente um voo do Brasil até a Europa que ficou mais acessível. É da Terra até o resto do universo.
E o primeiro passo já foi dado. A Boeing revelou sua nova nave espacial tripulada, a CST-100 Starliner, que deve ser a primeira a conduzir astronautas americanos depois de anos de dependência da Soyuz.
Anteriormente conhecida apenas como CST-100, o novo nome da nave se encaixa com a série “liner” de veículos da Boeing, incluindo o Stratoliner e o Dreamliner.
A Starliner, em forma de cápsula, será capaz de transportar quatro astronautas para destinos na órbita baixa da Terra, como a Estação Espacial Internacional (EEI).
A sonda, que é amplamente automatizada, vai completar um primeiro voo não tripulado até 2017, se tudo der certo, com lançamento no topo de um foguete Atlas V da United Launch Alliance. Em seguida, a Boeing deve programar voos tripulados.
Era comercial
“Cem anos atrás, estávamos no alvorecer da era da aviação comercial e, hoje, com a ajuda da NASA, estamos no alvorecer de uma nova era espacial comercial”, disse o vice-presidente e gerente geral de Exploração do Espaço da Boeing, John Elbon, em um comunicado para a imprensa.
A Starliner está sendo desenvolvida como parte do Programa de Tripulação Comercial da NASA, junto com a cápsula Dragon de outra empresa comercial, a SpaceX.
A Boeing e a SpaceX receberam US$ 4,2 bilhões e US$ 2,6 bilhões, respectivamente, da agência especial norte-americana no ano passado para desenvolver suas naves.
Centro Espacial Kennedy
A Boeing também revelou como irá redirecionar a infraestrutura existente no Centro Espacial Kennedy da NASA, no estado americano da Flórida, para construir e operar a Starliner.
Uma grande instalação anteriormente usada para gerenciar ônibus espaciais será agora destinada a tripulação comercial e processamento de carga, enquanto outros edifícios servirão como núcleos da Boeing para lançamentos e controle de missões.
A SpaceX também deve operar a partir do Centro Espacial Kennedy, enquanto a NASA vai usá-lo para lançamentos, por exemplo, da nave Orion, construída para transportar astronautas à lua, à Marte e a asteroides.
Os primeiros lançamentos tripulados da Starliner e da Dragon marcarão o fim de um hiato em voos espaciais tripulados americanos, desde a aposentadoria do programa de ônibus espaciais em 2011, acabando com sua dependência da nave espacial Soyuz da Rússia.