Dançarino da periferia de São Paulo fica em 1º lugar no Festival de Berlim

O dançarino Roberto Rackin, de 17 anos, morador de Pirituba, na zona noroeste de São Paulo, conquistou um feito inédito: o bailarino conquistou o 1º lugar no 15º Festival de Dança de Berlim, na categoria contemporânea.

Ele competiu com 36 artistas de sua categoria e foi o único colocado, pois não foram escolhidos segundo e terceiro lugares. Além disso, foi um dos 24 convidados para repetir o espetáculo na gala, que é a apresentação que encerra o festival. A vitória foi no mês passado.

A carreira internacional de Roberto Rackin começou em junho do ano passado, quando se apresentou no Valentina Kozlova International Ballet Competition (VKIBC), em Nova York. Ele ficou em terceiro lugar na sua categoria com o espetáculo solo In Me, o mesmo premiado em Berlim.

Para o campeonato europeu, o jovem conta que teve que se aprimorar. “Eu analisei todos os vídeos que eu tinha [em que aparecia] dançando, o que eu podia melhorar, o que eu podia fazer para parecer melhor. Tive que olhar para trás pensando no futuro”, explicou ao blog Mural, da Folha.

A mãe, professora, e o pai, policial, custearam toda a viagem a Berlim. Rackin se formou no ensino médio no ETEC Pirituba e continua estudando dança. Mas ele também sonha em cursar psicologia. “Não quero largar a dança. Mas para eu juntar o trabalho, a faculdade e as aulas eu precisaria de 48 horas em um dia”, lamenta.

“Vamos montar um currículo para que ele consiga um trabalho na dança, que é um caminho aberto. Mas a faculdade ele precisa ter, até porque a dança tem um tempo. A gente vai ter que tocar a vida como é no nosso país”, comenta a mãe.

Pé torto

O estudante nasceu com pé torto congênito do lado direito. Aos nove meses, fez uma cirurgia que corrigiu o desvio, mas até hoje tem menos flexibilidade neste tornozelo.

Durante a infância, o acompanhamento médico foi intenso. Rose Ribeiro, mãe do dançarino, chegou a ouvir de um dos profissionais que o filho nunca poderia participar de competições esportivas.

Mas o problema não foi uma limitação para que o jovem trilhasse seu caminho na dança, e sim o que determinou sua escolha inicial pela dança contemporânea. “O contemporâneo foi uma sugestão da minha mãe, justamente por medo da dança clássica, que exige muito, é saltada e depende mais das duas pernas”, explica Rackin.

Atualmente ele também tem aulas desta modalidade.

Carreira

A jornada de Rackin na dança teve início aos 8 anos, depois de observar aulas de balé no seu prédio. A família se mudou de lá um ano depois, e o menino só voltou a ter contato com a arte em 2013, depois de uma coincidência.

A dona de uma academia de dança do bairro foi à festa junina de sua escola, viu o estudante em uma apresentação e notou seu talento. Na época, ele tinha 13 anos.

O jovem acumula apresentações e prêmios. Menos de dois anos após iniciar na dança, ele já conquistou um solo e competiu em festivais de todo o Brasil. Rackin não precisou sair de Pirituba para estudar dança, já que sempre foi aluno de uma academia particular do bairro.

Mas a falta de aulas gratuitas na região fez com que os pais deles tivessem que bancar o sonho do filho. “É muito difícil sair da periferia, ir para outro país com uma cultura totalmente diferente, sem suporte algum do governo. Meus pais lutaram muito para eu ir. Graças a Deus eles conseguiram com muito sufoco, porque tiveram que bancar tudo”, afirma o dançarino.

Ciberia // Folha / Só Notícia Boa

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