Weslei Felix Ajarda, de 18 anos, começou cedo na música. Aos três anos, o jovem de Porto Alegre já acompanhava seus pais, Luis Roberto e Rosane nas rodas de samba, onde toda a família se reunia. “Era contagiante e quando sobrava um instrumento, lá estava eu. O que eu queria era alguma forma de tocar junto”, conta ele.
Ele começou na brincadeira. Um dos seus primeiros instrumentos foi um violãozinho de plástico, de cinco reais, um presente de seu tio. Mas a paixão continuou e, aos sete anos, ele entrou na banda de uma igreja evangélica da comunidade. “Foi onde tive contato com a didática da música e comecei a aprender violão com um amigo. Aprendi em quatro meses e aí entrei para a banda”, relembra.
Em 2014, ele ingressou na Escola de Música da Ospa, graças à sua tia, que lhe mostrou uma nota de jornal. Ela lhe disse que a inscrição era gratuita e o incentivou a tentar.
“Eu nem sabia o que era, mas fui lá. Dizia que era para aprender música e fui. Fiz a inscrição achando que era para contrabaixo elétrico, que era o que eu estava tocando, mas cheguei lá e me deparei com o meu atual instrumento, o contrabaixo. Eu não sabia nem o que era aquilo”, explica.
Hoje, Weslei é uma das maiores revelações do contrabaixo acústico no Brasil.
Com muita determinação, ele continuou na escola até 2016, e com o apoio de família e amigos, fez o concurso para ingressar na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. “Achava que não ia dar nada, pois tinha pouco mais de dois anos de vivência com o meu instrumento. Mas fiz e venci em primeiro lugar. Aquilo marcou a minha vida”, conta.
Com isso, um de seus professores, o contrabaixista italiano Alberto Bocini, fez um convite para o Weslei: estudar na École de Musique de Genéve (Escola de Música de Genebra), na Suíça.
Mas para isso, ele precisava de cerca de R$ 52 mil, para custos com os seis primeiros meses de ensino e estadia na Suíça. Seus amigos e apoiadores lançaram uma campanha crowdfunding para tentar arrecadar o dinheiro.
Sob título Ajude o Weslei a Estudar na Suíça, a vaquinha virtual tinha como data limite 27 de agosto, dia do embarque para Genebra.
Weslei participou até do programa Encontro com Fátima Bernardes, na Rede Globo para divulgar a luta pelo seu sonho. Não foi fácil, mas ele conseguiu: R$ 55 mil arrecadados! O jovem agora se prepara para uma jornada de três anos de estudos e ensinamentos.
“O que posso dizer é que tive um sonho com três anos e pessoas para me dar o suporte, a minha família. Aos 14 anos tive o sonho de vencer o concurso e tive alguém que meu deu o suporte, o meu professor. E esse número de pessoas começou a aumentar, hoje são mais de mil que me ajudam a tornar o meu sonho realidade”, relata Weslei.
“Percebi que não existe na vida barreiras que possam te impedir de algo, e nem dinheiro. Comecei a entender que o amor transforma a vida e te capacita a fazer mais, a fazer a diferença. Às vezes, a gente acha que é incapaz de mudar o mundo”, disse.
“Eu sou uma pessoa só, não posso mudar o mundo, mas as pessoas me ajudaram a mudar o meu mundo, a transformar a minha vida. E podem mudar a vida de outros tantos jovens que tem uma realidade parecida com a minha. E o futuro desses jovens depende muitas vezes de ti, de um ato teu”, conclui.
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