Uma campanha global em favor de 1,2 bilhão de pessoas com deficiência no mundo foi lançada na quinta-feira (19) sob a liderança do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), apoiado por uma ampla gama de organizações internacionais. Um primeiro caso de Covid-19 foi registrado na Vila Paralímpica, segundo os organizadores dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, a menos de uma semana do início do evento, em um momento de alta dos contágios no Japão.
Batizada de #WeThe15 (“Nós, os 15”), a campanha internacional pretende ser “o maior movimento de direitos humanos” de todos os tempos, representando 15% da população mundial com deficiência, segundo dados das Nações Unidas. Reunindo organizações do mundo do esporte, dos direitos humanos e das artes e apoiada por empresas, a campanha é lançada a menos de uma semana antes da abertura dos Jogos Paraolímpicos em Tóquio (24 de agosto a 5 de setembro).
“Achamos que isso será uma verdadeira virada de jogo“, disse o presidente do IPC, Andrew Parsons, à AFP. “As Paraolimpíadas de Tóquio podem ser uma plataforma para isso. É incrível.”
Mais de 125 monumentos ao redor do mundo, do Empire State Building, em Nova York, ao Coliseu de Roma, passando pelo palácio presidencial do Eliseu, em Paris, e pelo Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, serão iluminados na cor roxa adotada por WeThe15, que é inspirada por outros movimentos de direitos humanos como Black Lives Matter ou #MeToo.
“Queremos colocar a deficiência no centro da agenda de inclusão”, disse o porta-voz do IPC, Craig Spence. “Houve muito progresso nos últimos anos em termos de diversidade racial, sexual e de gênero. Mas a deficiência foi esquecida, apesar de estar na encruzilhada dessas três áreas.”
A campanha será veiculada nas redes sociais e apoiada por celebridades como o ex-jogador de futebol inglês David Beckham ou a diva da televisão americana Oprah Winfrey. Os Jogos Invictus, uma competição para soldados feridos e com deficiência lançada por iniciativa do príncipe Harry, também estão envolvidos.
Uma década de apoio
A campanha terá a duração de dez anos, sendo cada ano dedicado a um aspecto diferente da discriminação contra as pessoas com deficiência, incluindo emprego e educação. Os Jogos Paralímpicos são uma força promotora da inclusão e de chamar a atenção para a discriminação, segundo os organizadores, que esperam que o evento seja visto por “mais de quatro bilhões” de telespectadores em todo o mundo.
O evento paralímpico em Londres em 2012 teria mudado “a atitude de uma em cada três pessoas em relação à deficiência” na Grã-Bretanha, de acordo com Spence. Ele cita números que mostram que, seis anos após os Jogos de Londres, mais um milhão de pessoas com deficiência estavam empregadas. “Os Jogos Paraolímpicos claramente tiveram um impacto sobre isso.”
Caso positivo na Vila Paralímpica
Uma pessoa relacionada com os Jogos, mas que não mora no Japão, foi testada positivo para a Covid-19, informou o comitê organizador, que não revelou mais detalhes. Assim como nos Jogos Olímpicos, os eventos paralímpicos não terão público.
Até o momento, os organizadores registram 74 casos de Covid-19 vinculados aos Jogos Paralímpicos, que acontecerão de 24 de agosto a 5 de setembro. A maioria dos casos é de funcionários e pessoas contratadas residentes no Japão.
Outros seis casos foram detectados por municípios que recebem delegações paralímpicas que estão treinando antes da competição. Mas até agora não havia sido registrado nenhum caso na vila paralímpica. Os alojamentos dos atletas dos Jogos de Tóquio foram construídos na orla de Harumi. As unidades serão depois vendidas como apartamentos residenciais.
O comitê organizador dos Jogos Olímpicos, encerrados em 8 de agosto, consideram que conseguiram impedir uma propagação importante das infecções graças às medidas sanitárias rígidas.
O balanço inclui 546 casos de Covid-19 vinculados aos Jogos Olímpicos. Porém, alguns especialistas apontaram que a celebração dos Jogos foi uma contradição com a mensagem do governo sobre a situação da saúde e que contribuiu para o aumento das infecções no país.
Os casos diários de Covid-19, que não param de aumentar no arquipélago, bateram um novo recorde na quarta-feira com quase 24.000 contágios. Diante da nova onda, o estado de emergência em vigor em parte do Japão desde julho foi prolongado até 12 de setembro e ampliado a 13 departamentos, incluindo Tóquio.
// RFI