Uma equipe internacional de pesquisa liderada por Mónica Bettencourt Dias, do Instituto Gulbenkian de Ciência (em Portugal), identificou características importantes das células cancerígenas, que podem ajudar os médicos na luta contra a doença.
Os pesquisadores descobriram, segundo o estudo divulgado nesta quarta-feira (27) na revista Nature Communications, que na maioria dos subtipos agressivos de câncer aumenta o número e o tamanho de estruturas minúsculas que existem nas células chamadas centríolos.
Em comunicado divulgado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência é explicado que os centríolos são cerca de cem vezes menores do que um fio de cabelo e que têm sido considerados o “cérebro da célula”, porque desempenham “papéis cruciais na multiplicação, movimento e comunicação entre células”.
“Esses são processos normalmente alterados no câncer e que permitem a sobrevivência e multiplicação das células cancerígenas”, explica o instituto, acrescentando que o número e tamanho dos centríolos são “altamente controlados” nas células normais. O que os pesquisadores descobriram foi que nas células cancerígenas os centríolos são frequentemente mais longos e em maior número do que nas células normais.
“Mais importante, a equipe observou que o excesso de centríolos é prevalente em formas agressivas do câncer de mama, como o triplo negativo, e do colo do útero. Eles descobriram também que os centríolos mais longos são excessivamente ativos, o que perturba a divisão das células e pode levar à formação de câncer”, diz o comunicado.
Gaelle Marteil, primeira autora do estudo e pesquisadora do laboratório de Mónica Bettencourt Dias, disse que os resultados confirmam uma desregulação no número e tamanho dos centríolos dentro das células que está associada a características malignas.
“Essa descoberta pode ajudar a estabelecer as propriedades dos centríolos como uma forma de classificar tumores, de modo a determinar prognósticos e prever o tratamento adequado”, afirmou.
Ciberia, Lusa // ZAP