Um estudo do Centro de Investigação em Biodiversidades e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), em Portugal, revelou que os cavalos-marinhos machos se “desinteressam pela gravidez quando são expostos a uma fêmea mais atraente”.
Em declarações à Agência Lusa, o biólogo Nuno Monteiro explicou que a pesquisa da Universidade do Porto, que analisou mais de 400 espécimens de Syngnathus abaster – pertencente à família dos cavalos-marinhos – teve como objetivo “descobrir qual o grau de controle dos machos sobre a gravidez, visto que esta é uma gravidez masculina e única no reino animal”.
Durante a experiência, os pesquisadores portugueses observaram que, quando expostos a “uma fêmea mais atraente do que aquela com quem acasalaram”, os machos começavam a abortar e os embriões que geravam eram “muito pequenos”.
“Ao ver uma fêmea muito atraente, automaticamente o macho aumentou o número de abortos e os embriões que nasceram eram muito menores, alguns até com más formações”, explicou o cientista.
Segundo Nuno Monteiro, o aumento da taxa de abortos e as más formações dos embriões estão ligados ao “desinteresse pela gravidez” por parte do macho, que deixa de produzir nutrientes para o embrião, guardando-os para uma “futura reprodução com a fêmea a que foi exposto”.
Para Nuno Monteiro, o estudo permitiu concluir que a estratégia utilizada pela espécie ocorre “de forma similar ao efeito de Bruce”, apenas analisado em mamíferos e no qual a fêmea aborta quando exposta a um novo macho.
“Há uma série de evidências que mostram: existem paralelismos muito grandes, independentemente de a gravidez ocorrer num macho ou numa fêmea. Essa experiência soma-se aos argumentos que revelam que existe uma semelhança entre a gravidez dos mamíferos placentários nas fêmeas e a família Syngnathidae“, salientou.
O estudo, batizado de “efeito da Mulher de Vermelho” e desenvolvido por uma equipe de três pesquisadores portugueses e um sueco, foi publicado, nesta quarta-feira (22), nos Proceedings of the Royal Society B.
Ciberia, Lusa // ZAP