Não seria considerado um exagero, nesta época, dizer que vivemos em uma era de exploração espacial renovada.
A Lua, em particular, se tornou o foco de atenção nos mais recentes anos. Além da recente ordem de Trump para a NASA voltar a se focar na Lua, muitas outras agências espaciais e companhias privadas aeroespaciais planejam suas próprias missões à superfície lunar.
Um bom exemplo disso é o Programa de Exploração Lunar Chinês (CLEP), também conhecido como Chang’e Program.
Nomeado em homenagem à antiga deusa lunar da China, este programa já enviou duas naves orbitais e um módulo de pouso. E mais tarde, ainda este ano, a missão Chang’e 4 começará a partir para o outro lado da Lua, onde estudará a geologia local e testar os efeitos da gravidade lunar em insetos e plantas.
A missão consistirá no lançamento de uma nave orbital de retransmissão a bordo de um foguete Long March 5 em junho de 2018. A retransmissão assume uma órbita em volta do ponto Lagrange L2 Terra-Lua, seguido do laçamento do módulo de pouso cerca de seis meses depois.
Além de um conjunto avançado de instrumentos para estudar a superfície lunar, o módulo de pouso também carregará um recipiente de alumínio cheio de sementes e insetos.
O designer do recipiente, Zhang Yuanxun, explicou ao China Daily que a “embalagem vai enviar batatas, sementes de arabdopsis – uma flor da Ásia e da Europa – e ovos de bicho-da-seda para a superfície lunar. Os ovos também vão chocar bichos-da-seda capazes de produzir dióxido de carbono, enquanto que as batatas e sementes emitem oxigênio através da fotossíntese. Juntos, conseguem formar um ecossistema simples na Lua”.
Esta também será a primeira vez que uma missão é enviada para uma região inexplorada no lado oculto da Lua.
Esta região não é outra senão a Bacia do Polo Sul-Aitken, uma vasta região de impacto no hemisfério sul. Com aproximadamente 2500 quilômetros de diâmetro e 13 mil de profundidade, é a maior bacia de impacto da Lua e uma das maiores do Sistema Solar.
Esta bacia é também uma fonte de grande interesse para os cientistas, e não é apenas por causa do seu tamanho.
Em anos recentes, foi descoberto que a região contém água gelada. Os cientistas acreditam que se trata do resultado do impacto de meteoros e asteroides que deixaram água gelada que sobreviveu graças ao fato de a região estar permanentemente debaixo de sombra.
Sem luz solar direta, a água gelada naquelas crateras não foi sujeita a sublimação e dissociação química.
Graças à descoberta de água no estado líquido, a comunidade de exploração espacial definiu que aquele será o melhor local para estabelecer uma base lunar. A este respeito, a missão Chang’E 4 estuda a possibilidade de humanos viverem e trabalharem na Lua.
Além de nos dizer mais sobre o terreno local, também responderia à questão se organismos extraterrestres conseguiriam crescer e prosperar na gravidade lunar – que é cerca de 16% da que temos na Terra.
Os futuros resultados da missão Chang’E 4 podem abrir a porta para que outras agências espaciais (como a NASA, ou a ESA – que já falaram nessa possibilidade) enviem para lá robôs e até materiais de construção ainda este ano.
Ciberia // ZAP