Após perfurações do fundo marinho no recém-descoberto “sétimo continente”, uma expedição de cientistas apresentou novas conclusões sobre a história de nosso planeta, ajudando a explicar como as plantas e os animais evoluíram no Pacífico Sul.
No início deste ano, depois de os cientistas terem estudado cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados e terem verificado todos os critérios necessários, foi anunciada a descoberta de um novo continente escondido no Pacífico Sul: a Zelândia.
Entre os critérios para considerar que a Zelândia é efetivamente um continente independente, estão a sua geologia distinta, a elevação acima da área circundante e a sua crosta, que é mais espessa que o fundo oceânico regular.
Agora, depois de uma expedição que demorou mais de dois meses, cujo objetivo era registrar as mudanças históricas na geografia, atividade vulcânica e clima da Zelândia, alguns dos segredos dos 70 milhões de anos do continente que estava escondido no Pacífico foram revelados por uma equipe de cientistas.
A bordo do JOIDES Resolution, navio de pesquisa do International Ocean Discovery, os cientistas perfuraram o fundo do mar em 6 locais diferentes, a uma profundidade de 1250 metros, tendo recolhido mais de 8 mil amostras e centenas de espécies fósseis.
Submerso em mais de 90%, o continente inclui a Ilha de Lord Howe, no litoral leste da Austrália, o território francês da Nova Caledônia e a Nova Zelândia.
“A descoberta de conchas microscópicas de organismos que viviam em mares mornos e pouco profundos e de esporos e pólen de plantas terrestres mostra que a geografia e o clima da Zelândia eram completamente diferentes no passado”, apontou um dos dirigentes da expedição, o cientista Gerald Dickens, da Rice University (EUA).
A expedição permitiu obter novos conhecimentos sobre as mudanças geológicas da Terra, incluindo os movimentos das placas tectônicas, as mudanças na circulação oceânica e no clima global.
“As grandes mudanças geográficas no norte da Zelândia, que é do mesmo tamanho que a Índia, têm implicações para sabermos como as plantas e animais se dispersaram e evoluíram no Pacífico Sul”, assinalou Rupert Sutherland, da Universidade Victoria de Wellington, na Nova Zelândia.
“A descoberta de terras antigas e de mares pouco profundos agora nos dá uma explicação para uma pergunta com muitos anos. Havia caminhos para que os animais e plantas se espalhassem”, acrescenta.
Continente Zelândia
Segundo os pesquisadores, a Zelândia tem sua origem no supercontinente Gondwana, que se separou há cerca de 180 milhões de anos. Acredita-se que a Zelândia se separou da Austrália e da Antártida cerca de 100 milhões de anos depois.
O conceito de Zelândia não é novo. O geofísico Bruce Luyendyk cunhou a palavra em 1995. Na época, ele não pretendia descrever um continente novo, apenas falar da Nova Zelândia e Nova Caledônia como uma coleção de peças submersas e fatias de crosta que quebraram de uma região de Gondwana.
Os dados sugerem que a Zelândia abrange “aproximadamente a área da Índia maior”, ou seja, é maior que Madagascar, Nova Guiné, Groenlândia e outros micro-continentes e províncias. Está separada da Austrália por um pedaço de fundo do mar com 25 quilômetros chamado “Cato Trough”.
A Zelândia é dividida em segmentos norte e sul por duas placas tectônicas: a Placa Australiana e a Placa do Pacífico. Essa divisão torna a região mais parecida com vários fragmentos continentais do que com uma terra unificada.
Mas os pesquisadores apontam que a Arábia, a Índia e partes da América Central têm divisões semelhantes, e ainda são consideradas partes de continentes maiores.
Além disso, os pesquisadores escreveram que as amostras de rochas sugerem que a Zelândia é feita da mesma crosta continental que fazia parte de Gondwana, e que migrou de forma semelhante aos continentes da Antártica e Oceania.
Ciberia // Sputnik News / Science Daily