Um grupo de cientistas está extraindo cheiros de objetos na Casa Knole, uma velha mansão na Inglaterra, a fim de preservá-los para o futuro.
O projeto tem como objetivo identificar e documentar cheiros com “valor cultural”, como o cheiro de livros, luvas usadas por aristocratas, discos de vinil e ceras para o chão.
O analista químico Matija Strlic explicou que trabalhar na mansão foi crucial, porque os objetos estavam no seu “habitat natural”. “Em um museu estariam fora de contexto”, acrescentou.
De acordo com o estudo publicado na Heritage Science, os especialistas pediram aos visitantes da biblioteca “Dean and Chapter” na Catedral de São Paulo, em Londres, para caracterizar o cheiro do local.
Os visitantes descreveram com maior frequência o aroma da biblioteca como “amadeirado“, seguido de “esfumaçado” (86%), e “baunilha” (41%).
A intensidade dos cheiros foi avaliada entre “odor forte” e “odor muito forte”. Mais de 70% dos visitantes descreveram o cheiro como agradável, 14% como “suavemente agradável” e 14% como “neutro”.
Em uma experiência diferente, os especialistas pediram aos visitantes da Galeria de Arte e Museu de Birmingham para avaliar o cheiro de um livro de 1928 obtido de uma livraria de segunda mão em Londres.
“Achocolatado” ou “cacau” foi o termo usado com maior frequência, seguido de “café”, “velho”, “madeira” e “queimado”. Os participantes também mencionaram cheiros, incluindo “peixes”, “odor corporal”, “meias podres” e “bolas de naftalina”.
“O nosso estudo sobre os odores é um exemplo de como é que os cientistas e historiadores podem começar a identificar, analisar e documentar cheiros que têm um significado cultural, como o aroma de livros antigos”, adiantou a principal autora do estudo, Cecilia Bembibre, da Universidade College de Londres.
“Os cheiros ajudam a entender a História de uma maneira mais humana”, destacou a especialista.
Matija Strlic teve a ideia de realizar o estudo, que levou à criação da “Roda dos Aromas dos Livros Históricos”, quando descobriu, há uma década, que os conservadores de papel detectam, através do cheiro, se os livros estão se degradando.
Após anos de pesquisa, o especialista diz que já consegue identificar, simplesmente pelo cheiro, “quando e onde é que um livro foi feito e o seu nível de degradação”.
Entre outras finalidades, os cientistas esperam que o estudo sirva para detectar sinais de deterioração nas bibliotecas e para a criação de arquivos históricos olfativos que conservem os cheiros que correm o risco de desaparecer.
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