Tido como inevitável, o fim da vida no planeta Terra costuma gerar muita curiosidade, sobretudo quando se pensa em quais formas de vida conseguiriam, neste futuro inóspito, sobreviver em um mundo sem seres humanos.
Uma possível resposta foi dada nesta semana por cientistas da Universidade de Oxford, do Reino Unido, e talvez você nunca tenha ouvido falar na espécie favorita a sobreviver em todos os cenários possíveis na Terra.
Em um estudo publicado pela revista Scientific Reports, os pesquisadores apontaram que o tardígrado, um microrganismo de oito patas também conhecido como urso d’água, que podem viver até 10 bilhões de anos, sobrevivendo a temperaturas de -273 a 150°C.
Além disso, a espécie – ligada ao filo de animais microscópicos segmentados, estes relacionados aos artrópodes – pode sobreviver 30 anos sem se alimentar ou ter acesso à água, seja no mar profundo ou no vazio do espaço sideral.
A pesquisa é baseada no pressuposto de uma catástrofe global em uma escala cósmica que ocorra na Terra. Assim, os cientistas têm considerado três cenários possíveis: o impacto de um grande asteroide; a explosão de uma supernova nos arredores do Sol; e uma explosão de raios gama.
No entanto, eles estipularam no trabalho que todos os eventos são improváveis e que a extensão do seu impacto não seria forte o suficiente para, por exemplo, ferver os oceanos do planeta e destruir estes microrganismos.
“Para nossa surpresa, descobrimos que, embora as supernovas próximas ou os grandes impactos de asteroides fossem catastróficos para as pessoas, os tardígrados não poderiam ser afetados”, dizem os autores do estudo.
“Parece que a vida, uma vez que começa, é difícil de eliminar completamente”, explicou o doutor David Sloan, co-autor da pesquisa e pós-doutorando no Departamento de Física da Universidade de Oxford.
A resistência de um tardígrado também chamou a atenção dos cientistas para como a capacidade de sobrevivência na Terra, que já é surpreendente nos cenários mais inóspitos, poderia ajudar a entender o que existe no espaço – e que a humanidade ainda não conhece.
“Os tardígrados são o mais perto de indestrutíveis na Terra, mas é possível que existam outros exemplos de espécies resilientes em outros lugares do universo. Neste contexto, há um caso real para procurar a vida em Marte e em outras áreas do sistema solar em geral”, diz o pesquisador brasileiro Rafael Alves Batista.
Se tardígrados são espécies mais resilientes da Terra, quem sabe o que mais existe?”, questionou Rafael Alves Batista, co-autor e pós-doutorando associado de pesquisa no Departamento de Física da Universidade de Oxford.