Os japoneses criaram uma palavra para todos os amantes de livros que não resistem a comprar uma série deles, independentemente de conseguir lê-los ou não. Tsundoku é a palavra específica que descreve esse hábito quase compulsivo.
A palavra, de origem japonesa, junta os termos tsumu (“empilhar”) e doku (“ler”) em tradução livre. Assim, o termo tsundoku designa a prática de comprar livros e empilhá-los sem sequer chegar a lê-los. Quem nunca fez isso, que atire o primeiro livro.
Na verdade, esse não é um hábito moderno, que podemos simplesmente justificar com a velocidade com que o tempo passa ou até mesmo com a falta dele. De acordo com uma reportagem da BBC, a palavra já é encontrada em textos e publicações japonesas há mais de um século.
Tsundoku não se trata, no entanto, de um termo ofensivo. Nem carrega mesmo um sentido crítico na sua aplicação. Segundo a etimologia do termo, quem compra livros tem, pelo menos, a intenção de lê-los – ao contrário da bibliomania, na qual a pessoa tem simplesmente o desejo de possuir livros.
Na época de excelência dos livros digitais (e-book), o tsundoku pode parecer estar em vias de extinção, mas se nem o vinil chegou a desaparecer – e suas vendas continuam a crescer em perfeita comunhão com o domínio dos serviços de streaming de música –, o livro físico também continuará a seduzir o público por muito tempo.
Além de oferecer uma leitura mais tranquila, concentrada e menos sujeita a distrações que o livro eletrônico, o livro físico é ainda um belo objeto, que, quando colocado na estante, parece oferecer mais vida a uma casa.
No entanto, e para que o livro não se torne apenas um pomposo objeto de decoração, é necessário superar o tsundoku e colocá-lo na sua verdadeira função: ser lido.