O volume de serviços prestados em março no Brasil recuou 6,9% em comparação a fevereiro, já considerando o ajuste sazonal. É a pior queda da série histórica, que começa em 2011, conforme divulgou nesta terça-feira o IBGE.
Na comparação com março de 2019, o volume de serviços recuou 2,7%, interrompendo uma sequência de seis taxas positivas.
O encolhimento já reflete o fechamento de diversos estabelecimentos a partir de meados de março como parte das medidas de combate à pandemia de covid-19, e fez o volume ser pior que o observado em maio de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros.
Por ser um setor que não recupera o que perdeu – um serviço não prestado hoje, não será compensado à frente, como pode ocorrer com um bem durável, por exemplo – e representar dois terços da composição do PIB do país, a queda no volume tende a ter um efeito impactante na crise que o Brasil já enfrenta.
Entre os segmentos, a maior queda foi em serviços prestados às famílias – que inclui restaurantes, hotelaria e cabeleireiros –, com recuo de 33,4% em comparação com o ano passado e de 31,4% ante fevereiro. Embora não seja um segmento com peso na pesquisa do IBGE, é um dos que mais contam na composição do PIB, segundo a pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) Luana Miranda.
Na avaliação da economista, é possível vislumbrar um abril dramático diante dos dados de março, com uma possível queda de dois dígitos nas comparações anual e mensal, prenunciando um recuo maior no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. O Ibre previa uma queda de 5% nos serviços em relação ao ano passado. “Achei que o transporte terrestre seria pior em março, mas acho que impacto vai vir em abril”, diz.
Pela característica do setor de transportes, que trabalha com contratos, o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Goncalves de Lima, acredita que a queda mais dramática ainda está por vir. No entanto, ele acredita que há perspectiva positiva para tudo que se relaciona a home office – como serviços de informação e telecomunicações – e serviços financeiros.