Bombardeios israelenses deixam pelo menos 42 palestinos mortos e elevam total de vítimas a 188. Netanyahu diz que ataques continuarão.
Sem um cessar-fogo à vista, o atual conflito entre Israel e Hamas teve neste domingo (16/05) seu dia mais sangrento, com a morte de 42 palestinos na Faixa de Gaza vítimas de bombardeios israelenses.
O conflito começou na segunda-feira passada com hostilidades em Jerusalém e logo virou o mais intenso combate na região desde 2014. Já são pelo menos 188 mortos em Gaza – incluindo 55 crianças – e oito em Israel.
Israel disse na manhã de domingo que sua “onda contínua de bombardeios” havia atingido nas últimas 24 horas mais de 90 alvos em Gaza, onde a destruição de um prédio que abriga organizações de imprensa desencadeou ampla condenação internacional.
O Hamas e o grupo aliado Jihad Islâmica dizem que 20 de seus combatentes foram mortos desde que os combates eclodiram na segunda-feira e que as demais mortes foram todas civis. Israel afirma que o número real de não civis mortos é muito superior.
Em sete dias de confronto, o Hamas e seus aliados já lançaram mais foguetes contra Israel do que em todo o conflito de 2014.
Secretário-geral da ONU “consternado”
Nas mídias sociais, se espalham imagens de equipes de emergência trabalhando para retirar corpos de vastas pilhas de escombros e edifícios derrubados, enquanto parentes choram de horror e tristeza.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou estar “consternado” com as baixas civis em Gaza e “profundamente perturbado” com o ataque de Israel contra o prédio que abrigava a Associated Press e os escritórios da Al Jazeera, ainda que a evacuação do edifício tenha sido ordenada antes.
O Exército de Israel diz que, desde o início do conflito, cerca de 3 mil foguetes foram disparados em direção a Israel. Deles, 450 caíram na própria Faixa de Gaza, e mais de mil foram interceptados pelo escudo antimísseis israelense. Vários prédios israelenses foram atingidos, deixando, segundo o governo, mais de 500 pessoas feridas desde o início do conflito.
“Israel respondeu com força aos ataques, e é assim que vai continuar a responder até que a segurança do povo seja restaurada”, afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Cruz Vermelha: ataques não cessam
“A intensidade do conflito é algo que nunca vimos antes, com ataques aéreos sem parar em Gaza, que é densamente povoada, e foguetes chegando às grandes cidades de Israel”, disse o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. “Como resultado, crianças estão morrendo em ambos os lados”.
Neste domingo, o Papa Francisco disse que a violência corria o risco de degenerar ainda mais “em uma espiral de morte e destruição”. “Aonde o ódio e a vingança vão levar? Pensamos realmente que construiremos a paz destruindo o outro”?, indagou.
O conflito militar mais sangrento dos últimos sete anos também desencadeou uma onda de protestos em outros países e ataques mútuos entre judeus e árabes-israelenses. Houve também confrontos na Cisjordânia ocupada, com 19 palestinos mortos desde a última segunda-feira.
Os combates começaram na segunda-feira, depois que o Hamas, grupo que comanda a Faixa de Gaza, disparou foguetes contra Jerusalém e Tel Aviv em retaliação à repressão policial israelense a palestinos perto da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. A mesquita é o terceiro local mais sagrado do islã, em Jerusalém Oriental, atrás apenas de Meca e Medina.
Colaborou para a eclosão do conflito a ameaça de despejo de quatro famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, em favor de colonos judeus. A ONU urgiu Israel a suspender os despejos e disse que eles poderiam equivaler a “crimes de guerra”.
Israel considera Jerusalém sua capital, incluindo a parte leste, cuja anexação por Israel não recebeu reconhecimento internacional. Os palestinos reivindicam essa parte da cidade como capital do Estado que buscam criar na Cisjordânia e em Gaza.
Sem cessar-fogo à vista
A Anistia Internacional apelou hoje ao Tribunal Penal Internacional para que investigue os recentes ataques em Gaza, especialmente contra o edifício de órgãos de comunicação e um campo de refugiados. Neste último, morreram dez pessoas, oito delas crianças. Para a ONG, trata-se de “crimes de guerra”.
O Conselho de Segurança da ONU começou a se reunir neste domingo para discutir o conflito, em meio à críticas de que os EUA, membro permanente, não estariam fazendo o suficiente para pressionar seu aliado Israel a cessar os bombardeios.
O chefe da diplomacia europeia convocou para terça-feira uma reunião de emergência dos ministros do Exterior da União Europeia por videoconferência para discutir a escalada da violência.