A dias do 10º aniversário do desaparecimento de Madeleine McCann, há novas teorias sobre o que teria acontecido à menina britânica no fatídico dia 3 de maio de 2007.
A Polícia Judiciária (PJ) revelou ontem que o caso “continua aberto” e, após anos de investigação e de muita especulação, há ainda novas teorias sobre o que poderia ter acontecido à criança.
A ideia de que Madeleine teria morrido naquele dia 3 de maio de 2007 é uma das possibilidades e, agora, acrescenta-se a ideia de que espiões do MI5, os serviços secretos britânicos, podem ter ajudado a esconder o corpo.
Esta teoria é destacada em um documentário australiano e atribuída a Gonçalo Amaral, ex-inspetor da Polícia Judiciária, que é citado a notar que agentes secretos britânicos podem ter estado “envolvidos” no caso, em um esquema de encobrimento da alegada morte da criança que teria chegado ao ex-primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.
Este cenário foi divulgado no programa “Sunday Night”, do canal Channel 7 australiano, que foi transmitido ontem e tinha prometido revelações bombásticas sobre o caso.
Apesar disso, têm surgido muitas críticas ao documentário e o próprio Gonçalo Amaral já teria garantido que não prestou qualquer entrevista recente à jornalista Rahni Sadler, que conduziu a investigação. A repórter e o ex-inspetor caminham na praia, no documentário, mas as imagens seriam antigas.
No documentário australiano, é revelado que ainda há uma testemunha-chave, um funcionário do resort da Praia da Luz (no Algarve, sul de Portugal), que pode saber o que aconteceu.
Raptada e escondida em grutas
Outra das teorias que surge na imprensa inglesa é de que a menina teria sido raptada e levada para uma rede de cavernas secretas, conforme destaca o ex-inspetor da PJ, Paulo Pereira Cristóvão, em declarações ao jornal Metro.
Cristóvão diz que se tivesse raptado a criança, a levaria para Burgau, em Vila do Bispo, “uma praia próxima, com muitos rochedos com grutas”.
“É um bom local para esconder alguém. Tanto quanto sei, a polícia nunca foi lá, porque seriam preciso mergulhadores”, acrescenta o ex-inspetor que iliba os pais e critica a investigação portuguesa.
Vendida a “ciganos” ou a família rica do Oriente Médio
Há ainda a teoria de que Madeleine teria saído do apartamento do resort e que poderia ter sido atropelada por alguém que, posteriormente, escondeu o seu corpo.
O jornalista de investigação Danny Collins alega também que a menina teria deixado o apartamento para procurar os pais.
Em declarações ao The Sun, Collins nota que a menor não poderia ter sido raptada do apartamento pela janela porque as persianas só se abriam pela parte de dentro. Assim, defende que Madeleine teria sido sequestrada quando saiu do resort para procurar os pais e que teria sido vendida a “ciganos”.
O jornalista que investigou o caso, na altura do desaparecimento, também iliba os McCann e atribui culpas à polícia portuguesa, considerando que levou demasiado tempo a informar a polícia de fronteiras do possível rapto, por causa do “receio do dano que um caso de sequestro de uma criança provocaria ao comércio turístico do país”.
“Nenhuma prova forense foi procurada, não foram tiradas impressões digitais de forma correta e nenhum cordão [de segurança] foi limitado em torno do apartamento”, destaca Collins, realçando que “a polícia britânica disse que esta foi a cena de crime “pior preservada” desde sempre“.
Outra teoria de rapto aponta que a garota pode ter sido vendida a uma família rica do Oriente Médio, conforme destaca no Mirror o ex-detetive Colin Sutton, que investigou o caso para os McCann e que é igualmente citado no documentário australiano.
Este investigador destaca a probabilidade de Madeleine ter sido levada de barco até o Marrocos e ter sido, depois, vendida como escrava, citando os relatos de testemunhas que dizem ter visto a menina em Marrakesh.
“Chamada misteriosa” para a polícia
Outro dado divulgado pelo The Sun fala de “uma chamada misteriosa” que teria sido feita 16 minutos depois do desaparecimento de Madeleine, a comunicar um roubo, o que obrigou a polícia de Lagos a seguir na direção oposta ao resort.
O jornal afirma que pode ter sido um esquema “para encobrir a fuga do raptor”.
Polícia aconselhou McCann a não mostrarem emoções
Entretanto, o documentário australiano exibido no domingo está sendo alvo de muitas críticas, como a da especialista criminal Pat Brown, que diz que o documentário pretende passar uma visão pró-McCann e que foi “armadilhada para ser humilhada” pela jornalista Rahni Sadler.
“Queriam que os telespectadores acreditassem que eu disse que os McCanns eram culpados de um crime. Depois, não usaram nenhuma das provas importantes que apresentei para apoiar uma teoria de que os McCanns podem mesmo estar envolvidos. Editaram uma série de outros testemunhos para me fazerem parecer ridícula”, lamenta Pat Brown em declarações ao site Nine.com.au.
A especialista criminal defende que Madeleine morreu em 2007 em um acidente que foi “encoberto” devido a “negligência e possível medicação”.
Até os McCann, que são retratados como inocentes pelo canal, estão descontentes com o documentário porque as declarações usadas foram feitas há seis anos e são apresentadas como se fossem atuais.
Ouvido na atualidade pelo canal australiano foi o porta-voz dos McCann, Clarence Mitchell, que critica a cobertura que os meios de comunicação fizeram do caso, considerando que é uma “centrifugação de loucura”.
“Quando se noticiou que a família não estava com as crianças quando a Madeleine desapareceu, o esquadrão de julgamento apareceu e [Kate e Gerry] foram considerados “culpados de negligência”, no mínimo dos mínimos”, destaca Mitchell.
O porta-voz revela ainda que a polícia britânica disse, na altura, ao casal para tentar não mostrar emoções aos jornalistas porque os raptores de crianças “veem a cobertura mediática para ter excitação sexual das lágrimas e aflição dos pais”.
// ZAP