Traços de DNA de um neonazista que morreu em 2011 foram encontrados na floresta onde o corpo de uma menina de 9 anos foi escondido no leste da Alemanha.
Peggy Knobloch desapareceu na região da Baviera em 2001, e teve o corpo encontrado em julho passado em uma floresta na região alemã da Turíngia. A criança sumiu ao voltar da escola em 5 de maio de 2001 – ela chegou a ser vista a 45 metros de sua casa, na cidade de Lichtenberg.
Peggy ficou conhecida como a Madeleine McCann da Alemanha, em referência ao caso da britânica que desapareceu aos três anos em 2007, quando passava férias com a família no Algarve, no sul de Portugal.
Em julho deste ano, traços de DNA foram encontrados em um pedaço de tecido menor que uma unha achado perto de onde estava o corpo. A análise do material mostrou que ele bate com o de Uwe Boehnhardt, que fazia parte de uma célula neonazista acusada de matar dez pessoas.
Beate Zschaepe, uma mulher ligada a Boehnhardt, está em julgamento – sua primeira audiência deve acontecer em 5 de dezembro. Ela é acusada de envolvimento nas mortes, mas nega participação nos crimes e na célula neonazista, chamada NSU (Nacional Socialista Secreta, em tradução livre).
O grupo realizou uma série de assassinatos, ataques a bomba e assaltos entre 2000 e 2007. Entre as dez vítimas, nove tinham origem grega ou turca. A descoberta de que a célula agiu por tanto tempo impunemente chocou a Alemanha – uma investigação apontou que a polícia havia subestimado ameaças de neonazistas.
Agora, a ligação de Boehnhardt com o caso Peggy Knobloch levanta novas questões. A polícia está investigando, porém, se houve uma contaminação acidental da evidência, já que o corpo da menina e o do neonazista foram examinados no mesmo laboratório.
Outra teoria é de que o DNA de Boehnhardt poderia estar lá porque ele cedeu um cobertor, carro ou outro objeto ao assassino da criança.
Em 2011, Boehnhardt foi encontrado morto em uma van com Uwe Mundlos, seu suposto colega de gangue. Eles aparentemente cometeram suicídio juntos na cidade de Eisenach, pouco antes de Zschaepe se entregar à polícia. O corpo da menina foi encontrado a 150 km de Eisenach.
O suicídio teria ocorrido depois do fracasso de um assalto a banco que serviria para financiar a célula.
O único membro sobrevivente do grupo seria Beate Zschaepe. Ela disse ter interesse em testemunhar a respeito da morte de Peggy, segundo seu advogado Mathias Grasel afirmou ao jornal Bild.
A possibilidade de Peggy ter sido assassinada no âmbito de um crime sexual foi uma das mais fortes seguidas pela polícia alemã, até porque a menina “vivia rodeada de pedófilos”. De acordo com os investigadores, vários pedófilos moravam perto da casa de Peggy ou se encontravam em um hotel próximo.
A mãe da criança também arrendava quartos a camionistas, colegas de seu companheiro e padrasto da menina, que passavam vários meses em casa dela.
O próprio Uwe Böhnhardt esteve sob suspeita das autoridades, após o homicídio de um rapaz de 9 anos, em 1993.