Pela primeira vez em décadas, a Boeing terminou o ano com pedidos negativos de produção de aviões comerciais. No final de 2019, a gigante aeroespacial registrou cancelamentos de 87 unidades, o que significa mais baixas dos que negócios realizados.
E, claro, não precisa ir muito longe para saber que a grande responsável por isso é a crise envolvendo os aviões 737 Max, envolvidos em dois acidentes fatais, com mortes de 346 pessoas em um período de cinco meses.
Com isso, nada menos do que 178 aviões foram afetados e os pedidos por novas unidades de seu carro-chefe caíram para a menor marca em 16 anos, segundo a própria empresa. Nesta terça-feira (14), registrou 246 solicitações brutas. Com mais negócios cancelados do que efetivados, o número líquido caiu para 54.
Com isso, a entregas também despencaram: os 806 aviões entregues em 2018 diminuíram para somente 380 no ano passado, um decréscimo de 52%. Para termos de comparação, a rival europeia Airbus distribuiu 768 novos aviões em 2019.
A Boeing acumula um total de 4.545 pedidos não atendidos para a entrega do modelo 737 Max, o que levaria anos para ser resolvido. Como a companhia ainda está realizando correções no software e nos sistemas, e ainda precisa da avaliação final da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), a produção foi interrompida, sem previsão de retorno.
Com essa interrupção, a American Airlines já adiantou que removeu o 737 Max de seu cronograma por mais dois meses, e agora serão cancelados mais de 140 voos por dia até o início de junho. A companhia de aviação possui 24 jatos Max e esperava que tivesse mais 40 até o final do ano passado e outros 10 em 2020.
Sem essa frota, mais de 36 mil voos foram encerrados em 2019 e outros 21 mil devem ser desfeitos até o dia 3 de junho. Isso tudo, segundo a American Airlines, já custou US$ 540 milhões em impostos no ano passado, valor que deve ser atualizado na próxima semana.
A expectativa da empresa é que esse prejuízo seja negociado com a Boeing, que continua lidando com os problemas do 737 Max e espera, com o novo CEO, David L. Calhoun, uma temporada menos problemática, com o retorno da produção e o conserto das unidades a partir de abril. O jeito é aguardar para ver.
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