Cuba começará na próxima semana os ensaios clínicos em humanos de seu projeto de vacina contra a Covid-19, a Soberana 01, cujos resultados estão programados para fevereiro de 2021, informaram as autoridades sanitárias nesta terça-feira (18).
O Registro Público de Ensaios Clínicos de Cuba e o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos deram luz verde para o início dos ensaios em 676 pessoas, entre 19 e 80 anos. O recrutamento de candidatos começará em 24 de agosto e terminará no final de outubro.
Essas pessoas não devem ter “problemas de saúde clinicamente significativos” e devem dar seu consentimento por escrito para receber a dose, disseram as autoridades.
A conclusão do estudo está prevista para 11 de janeiro de 2021, os resultados ficarão prontos em 1º de fevereiro, e serão publicados em 15 de fevereiro. “Embora haja vacinas de outros países, precisamos que as nossas tenham soberania”, disse o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em 19 de maio.
O estudo de quase cinco meses será “randomizado, controlado, adaptativo, duplo-cego e multicêntrico” e foi definido o objetivo geral de “avaliar a segurança, reatogenicidade e imunogenicidade” da droga candidata à vacina cubana para Covid-19.
Mais especificamente, nos ensaios clínicos será avaliado o perfil de segurança, reatogenicidade e imunogenicidade da Soberana 01, para finalmente comparar a resposta imunitária ao fármaco com diferentes níveis de dosagem.
Espera-se que a proporção de indivíduos com resposta imunológica seja pelo menos 50% maior do que o grupo controle, de acordo com o relatório do Registro Público de Ensaios Clínicos de Cuba. O chefe da Epidemiologia cubana, Francisco Durán, disse que espera que o país tenha acesso à vacina durante o primeiro trimestre de 2021.
88 mortes por Covid-19
Com 11 milhões de habitantes, a ilha conseguiu conter a pandemia de coronavírus, com 3.408 casos e 88 mortes até esta segunda-feira (17). Um surto recente obrigou as autoridades a reforçar as medidas de prevenção em Havana.
Cuba tem uma destacada indústria biotecnológica e farmacêutica que lhe permitiu desenvolver vacinas contra meningite, câncer de pulmão (terapêutico) e tumores sólidos, e contra a hepatite B, entre outras doenças.
No sábado (15), as autoridades russas relataram avanços na produção da vacina Sputnik V, chegando a manifestar a intenção de produzi-la com Cuba. Mas a ilha socialista não se pronunciou oficialmente sobre a oferta.
Pesquisadores ocidentais duvidam do produto russo e continuam avançando em diversos projetos. Na América Latina, Argentina e México anunciaram recentemente um acordo para produzir uma vacina pela AztraZeneca e a Universidade de Oxford.
// RFI