Vários pesquisadores têm anunciado descobertas de possíveis organismos no Planeta Vermelho, mas dois cientistas advertem contra processos naturais que criam pseudofósseis.
É necessário ter cuidado sobre supostos fósseis encontrados em Marte, advertem cientistas em um comunicado publicado na quinta-feira (18) pela Universidade de Edimburgo, Escócia, Reino Unido.
Segundo os pesquisadores Sean McMahon, astrobiólogo da Universidade de Edimburgo, e Julie Cosmidis, geobióloga da Universidade de Oxford, Reino Unido, os cientistas terão de observar atentamente depósitos minerais não biológicos que se parecem muito com fósseis, como no caso do rover Perseverance dos EUA, ou o Chang’e 5 da China.
“Em uma certa fase, um rover de Marte encontrará quase de certeza algo que se parece muito com um fóssil, por isso ser capaz de o distinguir de estruturas e substâncias químicas feitas por reações químicas é vital. Por cada tipo de fóssil por aí, há pelo menos um processo não biológico que cria coisas muito semelhantes, por isso há uma verdadeira necessidade de melhorar nosso entendimento de como eles se formam”, explicou McMahon.
Exemplos de tais fenômenos incluem processos físicos associados à desagregação e ao depósito de camadas sedimentares, que podem produzir rochas com forte semelhança visual a fósseis. Os “fósseis” também podem ser criados em um “jardim químico”, no qual a mistura contínua de químicos pode produzir estruturas que se assemelham às biológicas. O mesmo pode acontecer com muitos minerais, que podem criar biomórfos, que parecem fósseis biológicos.
Afirmações de descoberta de fósseis podem até surgir de padrões e buracos em rochas criados por organismos.
Como apontam ainda os autores do estudo publicado na revista Journal of the Geological Society, devem existir muitos outros processos que podem produzir pseudofósseis, razão pela qual os cientistas terão de ter cuidado com o que descobrem no Planeta Vermelho, que tem sido foco de várias pesquisas com o objetivo de encontrar vida.
“Em muitas ocasiões, objetos que pareciam micróbios fossilizados foram descritos em rochas antigas na Terra e até em meteoritos de Marte, mas um exame aprofundado revelou que tinham origens não biológicas. Este artigo é uma história de advertência em que exortamos a continuação da pesquisa em processos que imitam a vida no contexto de Marte, para que possamos evitar cair nas mesmas armadilhas continuamente”, sugeriu Cosmidis.
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