As autoridades francesas divulgaram mais informações sobre o violento incêndio no qual morreram ao menos 10 pessoas na madrugada desta terça-feira (5), em um prédio de oito andares de um bairro nobre de Paris.
A suspeita de ter ateado fogo no local foi presa e é uma das moradoras do edifício. Ela teria cometido o crime depois de brigar com um vizinho.
A polícia judiciária abriu uma investigação por “destruição voluntária provocando mortes”. Os bombeiros ainda realizam vistorias no prédio e alertam que o número de vítimas pode aumentar. Ao menos dez pessoas morreram e 36 ficaram feridas nas chamas que devastaram o imóvel localizado na rua Erlanger, no 16° distrito.
A principal suspeita é uma mulher, identificada como Essia B., de 40 anos, que teria antecedentes psiquiátricos, de acordo com as autoridades. Ela foi presa na rua, depois de ter iniciado o incêndio no prédio, tentando atear fogo em uma lixeira e em um carro.
Vizinhos brigaram por causa de música alta
Alcoolizada, ela explicou aos policiais que havia brigado com um vizinho, Quentin, bombeiro de 22 anos. Morador no edifício há apenas 3 meses, ele contou à imprensa francesa que, na noite de segunda-feira (4) ele e a namorada não conseguiam dormir por causa da música alta que vinha do apartamento da mulher.
Segundo ele, há quinze dias a polícia já havia sido acionada por outro morador pelo mesmo problema. O rapaz contou que ele e a namorada tentaram conversar com a vizinha e convencê-la a abaixar o som mas, sem resultado, chamou a polícia.
Igualmente alterados, o casal deixou o prédio por recomendação dos policiais. Quando retornaram mais tarde, acharam que a mulher tinha sido levada para a delegacia, mas se deparou com a vizinha nas escadas.
O jovem disse que mulher ainda tentou quebrar uma janela, derrubar sua porta e que teria colocado pedaços de madeira e papel na porta de seu apartamento. “Ela me desejou boa sorte, lembrando que eu sou bombeiro e que eu deveria adorar o fogo”, conta.
Quentin conseguiu salvar a namorada das chamas, acionar os bombeiros e a polícia. O rapaz diz ter retirado várias pessoas do edifício. Em entrevista ao jornal Le Parisien, alegou que não sabia que a mulher tinha problemas psiquiátricos. “Sou bombeiro e nunca vivi um drama como esse”, afirmou.
Fogo foi apagado após cinco horas de intervenção
No total, 250 bombeiros foram mobilizados, mas o incêndio se propagou com extrema violência. Desesperados, muitos moradores se refugiaram no teto do imóvel gritando por socorro. Três vítimas morreram ao se atirar das janelas para fugir das chamas.
Cerca de 50 pessoas foram resgatadas pelo lado de fora do prédio. Após cinco horas de intervenção, o fogo foi apagado no início da manhã desta terça-feira. Seis bombeiros ficaram feridos.
“Paris está de luto nesta manhã. O balanço de vítimas é terrível”, tuitou a prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também reagiu em seu Twitter. “A França acorda emocionada depois do incêndio na rua Erlanger, em Paris, na madrugada. Meus pensamentos às vítimas. Obrigado aos bombeiros cuja coragem permitiu salvar várias vidas”, publicou.
// RFI