Uma nova pesquisa científica, que utilizou radares para obter “raios-X do gelo”, revelou a existência de extensos desfiladeiros debaixo do gelo no Polo Sul.
Uma equipe de cientistas da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, utilizou radares capazes de penetrar no gelo para traçar um mapa geográfico da Antártida e descobriram três extensos desfiladeiros subterrâneos sob a camada de gelo.
Em 2017, um grupo de cientistas tinha descoberto uma dezena de fraturas geológicas de mais de um quilômetro de profundidade sob a superfície do gelo da Antártida. Mas as cavidades profundas agora descobertas se estendem por centenas de quilômetros, mas não são visíveis na superfície nevada do continente antártico.
O Foundation Trough, o maior desfiladeiro revelado pelas imagens, tem mais de 350 quilômetros de comprimento e quase 35 quilômetros de largura. Para alcançá-lo, seria necessário perfurar mais de dois quilômetros de gelo, revelou o estudo, publicado no início deste mês na Geophysical Research Letters.
Segundo os pesquisadores, os desfiladeiros desempenham um papel fundamental no controle do fluxo de gelo. Se o gelo da Antártida começar a derreter devido ao aquecimento global, então o relevo encontrado poderá acelerar a massa de água para o oceano, elevando ainda mais os níveis do mar.
“Se as condições climáticas mudarem na Antártida, podemos esperar que o gelo nesses desfiladeiros fluirá muito mais rápido para o mar, o que os torna realmente importantes e simplesmente não sabíamos até agora que eles existiam”, explicou à BBC Kate Winter, principal autora do estudo.
A cada ano, a Antártida perde mais de 2,8 quilômetros cúbicos de gelo. Em 2013, foi descoberto que metade do gelo desaparece por causa das correntes quentes que banham as camadas submarinas da cobertura de gelo do continente, através de um sistema de “rios” e canais submarinos.
Embora existam numerosos satélites que permitem obter imagens da superfície da Terra e do seu interior, há uma grande parte do Polo Sul que não é registrada devido à inclinação das suas órbitas. O projeto PolarGAP, da Agência Espacial Europeia, ESA, foi lançado precisamente para preencher o vazio nos dados de satélite no Polo Sul.
Ciberia // Sputnik News / BBC