As temperaturas elevadas nas águas em torno da Antártica foram responsáveis pela separação de um bloco de gelo do tamanho de Manhattan, comunicam cientistas norte-americanos.
As imagens tiradas por satélite em janeiro mostram a separação de um bloco gigantesco do Glaciar de Pine Island do continente. Segundo o LiveScience, algumas áreas da superfície gelada da Antártida estão marcadas com inúmeras fendas, que podem provocar um agravamento da rutura.
Segundo o glaciólogo Ian Howat, pesquisador da Universidade Estatal de Ohio, esta quebra poderia ser resultado de uma anterior, que aconteceu em julho de 2015. Porém, vale ressaltar que o bloco de gelo que se separou do continente na época era maior, ou seja, cerca de 600 km2 – quase a metade do Rio de Janeiro.
“Tal separação ‘veloz’ parece atípico para este glaciar”, diz Howat. Porém, o incidente “condiz com uma imagem mais ampla das fendas basais no centro da plataforma do gelo erodida pelas águas mornas do oceano, o que faz a plataforma se quebrar de dentro para fora”, explicou.
De acordo com o Centro de Informações Nacional de Neve e Gelo norte-americano, a superfície do gelo atingiu um nível mínimo de 2,3 milhões de km².
O glaciar Pine Island está “recuando e emagrecendo”, diz Simon Gascoin, especialista do Centro Nacional de Estudos Científicos francês. Ao longo dos últimos 27 anos, as águas debaixo do Glaciar esquentaram 17 graus.
“Os recentes processos de separação e quebra podem ser provas autênticas de uma rápida desintegração da plataforma de gelo em curso, em maior parte pelo aquecimento do oceano”, resumiu.
No início deste mês, a agência espacial europeia ESA alertou que, em uma outra área da Antártida, a plataforma de gelo Larsen C está a ponto de se desprender. Segundo a agência, a rachadura que há anos surgiu na plataforma está aumentando “mais rápido do que nunca” e está prestes a se separar da terra firme.
Se uma barreira de gelo como esta se solta, o fluxo das geleiras localizadas depois dela pode ser acelerado, o que produziria o aumento do nível do mar, alertam os especialistas da ESA.
Em dezembro, aviões da NASA descobriram em uma das geleiras mais vulneráveis da Antártida uma fenda gigante de 112 quilômetros de extensão, cuja aparência indica o início do colapso desta massa de gelo e a formação de um mega-iceberg de 6,5 mil km2.
Os climatologistas, oceanógrafos e outros cientistas acreditavam durante muito tempo que a mudança climática ameaçava destruir principalmente as reservas setentrionais de gelo da Terra — as geleiras da Groenlândia e a calota polar norte.
Porém, nos últimos anos, essa visão começou a mudar, porque os cientistas encontraram evidências de que o primeiro gelo a desaparecer será não o do norte, mas algumas geleiras da Antártida, que está rachando de dentro para fora, levando a um aumento catastrófico do nível do mar.
Ciberia // Sputnik News