Na última quarta-feira, o governo da Dinamarca anunciou que irá abater milhões de visons em mais de 1.000 fazendas, citando preocupações de que uma mutação no novo coronavírus que infectou o vison poderia interferir na eficácia de uma vacina para humanos.
O anúncio foi feito pela primeira-ministra Mette Frederiksen, durante uma entrevista coletiva na quarta. Há 15 milhões ou mais de visons no país, e o abate ficaria por conta das Forças Armadas.
O que acontece é o seguinte: Kare Molbak, chefe do Instituto Estadual de Soro, braço do governo de saúde pública e doenças infecciosas, alertou na entrevista coletiva que uma mutação poderia interferir na eficácia de futuras vacinas. O governo notificou a OMS sobre a mutação do vírus, e também disse que 12 pessoas na região da Jutlândia são conhecidas por terem o vírus e que ele mostra uma reação fraca a anticorpos.
Os visons são da família das doninhas, junto com os furões, que são facilmente infectados com o coronavírus. Os furões parecem apresentar sintomas leves. Os visons, que são mantidos em condições de superlotação ideais para espalhar um vírus, podem adoecer e morrer.
A OMS confirmou ao The New York Times que foi informada pela Dinamarca sobre uma série de pessoas infectadas com coronavírus com algumas alterações genéticas. De acordo com a Organização, a Dinamarca estava investigando o significado epidemiológico e virológico dessas descobertas e eliminando a população de visons.
Sem relatórios publicados sobre a natureza da mutação ou como a variante do vírus foi testada, os cientistas pesquisadores de fora da Dinamarca que estudam o vírus ficaram um tanto no escuro.
Mas em setembro, cientistas holandeses relataram em um artigo que ainda não foi revisado por pares que o vírus estava se propagando entre visons e humanos. Na Dinamarca, o governo está descrevendo uma versão do vírus que migrou do animal para as pessoas. O coronavírus sofre mutações lentas, mas regularmente, e uma variante diferente do vírus não seria, por si só, motivo de preocupação, segundo os especialistas.
Os pesquisadores estudaram a mutação D614G, marcada na proteína spike do vírus, que pode aumentar a transmissão. Eles concluíram que não há evidência, até o momento, de que essa mutação em particular aumente a virulência, ou que afetaria o funcionamento de uma vacina.
De qualquer forma, a Dinamarca já havia começado a sacrificar todos os visons em 400 fazendas que estavam infectadas ou perto de fazendas infectadas o suficiente para causar preocupação. A morte de todos os visons acabará com a indústria de comercialização e exportação de peles desses animais, talvez por anos — já que as fazendas são criadouros dessas espécies.
Os visons também foram infectados em outros países, incluindo a Holanda e alguns estados dos EUA. Milhares de visons foram mortos em Utah por causa de um surto de coronavírus, mas as autoridades de lá disseram que não parecia que o vison transmitiu o vírus para humanos, mas o contrário.
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