Disciplina mais popular da história da Universidade de Yale ensina a felicidade

Adam Jones / Flickr

Universidade de Yale

Um em cada quatro estudantes da Universidade de Yale, nos EUA, frequentam a aula de “Psicologia e a Boa Vida” que, basicamente, ensina como conseguir uma vida mais feliz. E é, surpreendentemente ou não, a disciplina mais popular da história da instituição.

Com 1.182 alunos inscritos, “Psicologia e a Boa Vida” é a disciplina “mais popular nos 316 anos de história de Yale”, informa o New York Times.

Estamos falando de “quase um quarto dos estudantes de graduação de Yale”, destaca o  jornal, a frequentarem a matéria ministrada pela professora de psicologia Laurie Santos, de 42 anos, uma descendente de cabo-verdianos.

Laurie Santos dá duas palestras por semana para ensinar os estudantes a levarem “uma vida mais feliz e mais satisfatória”, conforme destaca, citada pela publicação.

“Crise de saúde pública mental”

Antes do sucesso de “Psicologia e a Boa Vida”, a disciplina “Psicologia e Lei” tinha registrado o recorde de 1.050 inscrições em 1992, mas a maioria das matérias de Yale fica pelos 600 alunos, segundo números do New York Times.

O que ajuda então a explicar o sucesso desta disciplina que se baseia na psicologia positiva e na mudança comportamental? “Os estudantes querem mudar, ser felizes consigo próprios, e mudar a cultura aqui no campus“, responde Laurie Santos.

A psicóloga acredita que a adesão à cadeira se justifica pelo elevado estresse a que os estudantes são colocados no ensino secundário, quando estão preocupados em entrarem para a universidade e assumem estilos de vida prejudiciais. Laurie Santos fala de “uma crise de saúde pública mental” que se verifica não apenas em Yale.

“Com um em cada quatro estudantes em Yale inscritos, se virmos bons hábitos, coisas como os estudantes a mostrarem mais gratidão, a procrastinarem menos, a aumentarem as conexões sociais, estamos, na realidade, semeando a mudança na cultura da faculdade”, acrescenta a psicóloga.

“Baixa pressão”

Da parte dos estudantes, destaca-se a falta de pressão associada à disciplina como principal fator para tantas inscrições, como explica um dos alunos de Laurie Santos ao New York Times.

“Não teria ficado sabendo da matéria se não fosse pelo boca a boca, mas é baixa a pressão e talvez aprenda uns truques para ter uma vida menos estressante”, refere Riley Richmond, de 22 anos.

Ao longo das semanas, os alunos são desafiados a completarem tarefas como meditarem por 10 minutos, dormirem oito horas, limitarem o uso das redes sociais, ou a terem atos de bondade e a estabelecerem novas relações sociais. A avaliação final é feita através de um projeto pessoal de autoaperfeiçoamento.

Para Laurie Santos, a disciplina “é a mais difícil de Yale“, uma vez que os estudantes têm que se responsabilizar diariamente para conseguirem concretizar mudanças reais nas suas vidas.

Grandes mudanças foi o que a matéria provocou em Yale em termos logísticos. Foi preciso, por exemplo, mudar as aulas de um local de oração no campus, com cerca de 800 lugares, para a sala de concertos da Universidade, para poder acolher os mais de mil estudantes.

O sucesso de “Psicologia e a Vida Boa” também é motivo de algum “conflito” com outros profissionais da escola, que perderam a atenção dos alunos para as palestras da professora Laurie Santos, como a própria assume no New York Times. Talvez por isso, já é quase certo que a disciplina não irá ser incluída na grade do próximo ano letivo.

Ciberia // ZAP

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