Dobram os focos de queimadas em terras indígenas da Amazônia

Números são os maiores desde 2011. Parque do Xingu registrou o total mais alto de sua história. Segundo Ipam, aumento se deve à ação de invasores em combinação com período de secas intensas.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta quinta-feira revelam que o número de focos de queimadas em áreas de demarcação indígena nos primeiros nove meses de 2019 é o dobro do mesmo período ano anterior.

Entre 1º de janeiro e 30 de setembro, os satélites do Inpe registraram 5.242 focos de incêndio em terras indígenas, contra 2.544 nos primeiros 9 meses de 2018. Os dados de 2019 são os maiores desde o ano de 2011, quando foram contabilizados 2.680 pontos, segundo informações do Inpe publicadas pelo portal de notícias G1.

Nos últimos anos o maior número de focos de queimadas registrado nesse período foi em 2010, com 7.451 pontos de queimadas em áreas indígenas. O Programa Queimadas do Inpe avalia a situação das terras indígenas levando em conta os focos dentro e fora do seu território.

Segundo o Inpe, o território indígena Karipuna em Rondônia, de 153 mil hectares, é o mais ameaçado levando-se em conta número de focos dentro dos limites da área demarcada. Na última década, a comunidade aparece no tipo dessa relação em sete anos.

A incidência de focos de incêndio é consequência do fato de o território estar cercado de fazendas. Os fazendeiros da região desmatam para abrir espaço para o gado e depois queimam a mata. O Ministério Público federal considera os Kapurinas, com apenas 20 pessoas na comunidade, como ameaçados de genocídio em razão das ameaças de grileiros e madeireiros que atuam no território.

O Parque do Xingu, segundo o Inpe, registrou o maior número de focos de queimadas já observado em seu território no Mato Grosso, que abriga 16 comunidades indígenas em de 2,642 milhões de hectares.

Com 495 focos de incêndio nos primeiros 9 meses do ano, o Parque do Xingu lidera a relação das terras indígenas mais atingidas em 2019, seguido da reserva Raposa do Sol, em Roraima (337), Apyterewa, no Pará (330), Yanomani, no Amazonas (305), e Urubu Branco, no Mato Grosso.

As comunidades que aparecem na lista dos 30 povos indígenas mais afetados pelas queimadas estão concentradas nos estados do Mato Grosso, Pará, Amazonas e Rondônia.

Segundo Anne Alencar, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o aumento das queimadas nessas regiões resulta da ação de invasores em combinação com os períodos de secas intensas na região. Há milhares de anos os indígenas realizam a queima das roças em seus territórios, o que não justificaria o maior número de queimadas, observou Alencar, citada pelo G1.

Ela explica que há cinco terras indígenas que sofrem queimadas ininterruptas há 15 anos. São elas, o Parque do Xingu, Parque do Araguaia, Porquinhos dos Kanela Apãmjera, Pimentel Barbosa e Parabubure.

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …