Em estudo inédito, Reino Unido vai expor voluntários à covid-19

Narendra Shrestha / EPA

Em busca de uma melhor compreensão sobre o novo coronavírus, um estudo científico britânico infectará intencionalmente voluntários com o patógeno da covid-19, anunciou nesta quarta-feira o governo do Reino Unido, após aprovação pelo órgão do país responsável por questões éticas envolvendo ensaios clínicos.

Com isso, o Reino Unido se tornou o primeiro país do mundo a dar o aval para que voluntários sejam deliberadamente expostos à covid-19. A medida visa impulsionar a pesquisa científica sobre a doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2.

Os testes devem começar dentro de um mês e contar com até 90 voluntários saudáveis com idades entre 18 e 30 anos. Eles serão expostos, em um ambiente seguro e controlado, à menor quantidade do vírus necessária para causar uma infecção, conforme explicaram os cientistas responsáveis pelo projeto em comunicado.

O objetivo é descobrir como o sistema imunológico responde ao vírus e identificar os fatores que influenciam a forma como uma pessoa infectada transmite a doença. Para tornar o teste o mais seguro possível, não serão usadas novas variantes do coronavírus mais contagiosas.

“A segurança dos voluntários é primordial, o que significa que este estudo de caracterização do vírus usará inicialmente a versão do vírus que circula no Reino Unido desde março de 2020 e tem se mostrado de baixo risco em adultos jovens saudáveis”, diz o comunicado.

R$ 650 por dia para ser infectado

Os voluntários serão examinados quanto a possíveis riscos à saúde antes de serem autorizados a participar e serão mantidos em quarentena e acompanhados de perto por pelo menos 14 dias por uma equipe médica numa unidade especializada no Hospital Royal Free, em Londres.

Os participantes terão permissão para retornar às suas casas após os 14 dias iniciais apenas se exames extensivos apontarem que eles não são mais capazes de transmitir a doença. Os voluntários receberão uma compensação de cerca de 88 libras esterlinas (R$ 650) para cada dia dedicado ao estudo, que também envolverá monitoramentos periódicos por um ano.

Participam do estudo a força-tarefa de vacinas do governo britânico, o Imperial College de Londres, a Royal Free London NHS Foundation Trust – fundação ligada ao Serviço Nacional de Saúde (NHS) – e a empresa clínica hVIVO, que já conduziu estudos semelhantes.

Cientistas utilizam testes do tipo em humanos há décadas para aprender mais sobre doenças como malária, gripe, febre tifoide e cólera, e para desenvolver e aprimorar tratamentos e vacinas.

Ativistas de um grupo chamado 1Day Sonner, que tem pressionado governos em todo o mundo para realizar testes em humanos com o novo coronavírus, parabenizaram a iniciativa do Reino Unido e afirmaram que o projeto irá acelerar a pesquisa de vacinas e tratamentos contra a covid-19.

Ciberia // Deutsche Welle

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