A Polícia Federal prendeu preventivamente hoje (1), na Operação Ratatouille, desdobramento da Operação Lava Jato, o empresário Marco Antônio de Luca, ligado às empresas de alimentos Masan e Milano, fornecedoras de alimentos e merenda para o estado do Rio de Janeiro.
Segundo os procuradores do Ministério Público Federal (MPF), Eduardo El Hage e Fabiana Schneider, a suspeita é que as empresas de De Luca aumentaram sua participação nos contratos estaduais – que continuam em vigor – mediante pagamento de propina. Também estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em diversos endereços do Rio.
“São dezenas de contratos e vários deles estão em vigor”, disse o procurador. El Hage afirmou que há suspeita de que os pagamentos tenham sido feitos pelo empresário a operadores financeiros de Sérgio Cabral, mesmo depois que o ex-governador renunciou, em 2013.
“Conseguimos comprovar que R$ 12,5 milhões de propina foram pagos pelo Marco Antonio de Luca a um dos operadores financeiros”, acrescentou.
Em mensagens de texto e e-mails enviados por aplicativos criptografados, os investigadores encontraram indícios de pagamento de mesada de R$ 200 mil, o que, segundo El Hage, indica que o valor total pago deve ser ainda maior.
Em 2008, a Masan Serviços Especializados tinha apenas seis contratos com o Estado. Em 2015, já eram 26 os contratos firmados. Pertencente ao mesmo grupo familiar, a Comercial Milano Ltda tinha, em 2016, mais 41 contratos com o estado, que somam R$ 300 milhões.
As empresas prestavam serviços a escolas, hospitais e presídios do estado. Apenas a Masan recebeu R$ 2,1 bilhões para o fornecimento de merenda escolar e alimentação para detentos. A procuradora Fabiana Schneider destacou o crescimento expressivo no volume de contratos no período.
“Essa nova etapa [das investigações] demonstra que os setores mais sensíveis da administração pública para a sociedade estão profundamente afetados pelas práticas de corrupção que têm sido reveladas pouco a pouco”, informou.
Foram cumpridos também nove mandados de busca e apreensão: dois em residências e sete em empresas. Os agentes apreenderam três veículos de luxo, 16 obras de arte e R$ 400 mil reais em dinheiro.
A Justiça determinou que o Comitê Rio 2016 forneça informações sobre seus contratos com a Masan, em um prazo de 24 horas.
Segundo a procuradora Fabiana Schneider, há indicativo de que Cabral tenha recebido propina da empresa, após sua renúncia e durante o período de organização dos Jogos Olímpicos.