“O objetivo da indústria é remover a mão de obra humana da economia”. A frase é do CEO da empresa de robótica Ametek Inc, David Zapico, durante uma entrevista sobre a substituição de trabalhadores de carne e osso por máquinas especializadas diante da escassez de profissionais qualificados.
Executivos de companhias como a Hormel Foods Corp e a Domino’s Pizza também compartilham o mesmo pensamento. Segundo eles, as empresas estão investindo em robôs e sistemas de automação para reduzir os custos trabalhistas e por causa da baixa oferta de operários dispostos a realizar tarefas menos rentáveis.
“Se essa tendência continuar crescendo, a demanda por trabalho crescerá lentamente, a desigualdade aumentará e as perspectivas para muitos trabalhadores de baixa escolaridade não serão muito boas a longo prazo”, prevê o economista do MIT Daron Acemoglu, durante uma entrevista ao site Bloomberg.
Mais baratos, sem direitos
A substituição da mão de obra humana por robôs já é uma realidade viável em vários setores da economia. Androides da empresa Knightscope, por exemplo, patrulham locais como perímetros de fábricas com um custo de US$ 3,50 (cerca de R$ 20 na contação atual) por hora. Nos Estados Unidos, o salário mínimo é de US$ 7,25 (aproximadamente R$ 40) por hora trabalhada.
Uma empresa chamada Brain Corp, que fabrica tecnologia central para robôs, anunciou recentemente que de outubro de 2020 a outubro de 2021, o uso de robótica automatizada aumentou drasticamente em vários setores da indústria, especialmente em hospitais com um crescimento de 2.500%, e na educação, com um acréscimo de 426%.
“Nossos robôs autônomos já cobrem todo o espaço comercial dos Estados Unidos e isso equivale a 6,8 milhões de horas trabalhadas por seres humanos. Esse marco representa um claro sucesso da implantação de sistemas automatizados em vários setores econômicos do país”, afirma o CEO da Brain Corp, Eugene Izhikevich.
Futuro distópico
Segundo especialistas, essa mudança na classe trabalhadora representa um caminho sem volta na economia como a conhecemos, combinando transformações nas relações de trabalhos, pressões geradas pela pandemia global e a oportunidade proporcionada pelo desenvolvimento tecnológico dos últimos anos.
A substituição de trabalhadores braçais por máquinas avançadas é apenas o primeiro passo para um futuro em que o serviço pesado e mal remunerado será feito por robôs operários. Esse progresso inevitável traz consigo dilemas éticos e humanitários sobre qual será o destino das pessoas com pouca escolaridade.
“Quanto mais tempo milhões de pessoas ficarem à margem do mercado de trabalho, maior será o risco de que a automação possa piorar as disparidades de renda e riqueza, criando uma classe de trabalhadores desempregados e sem perspectivas. Esse é um sinal de que a revolução dos robôs não está chegando, ela já está aqui”, encerra o economista do MIT Daron Acemoglu.
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