Cientistas norte-americanos elaboraram um sistema de avaliação de resistência do novo coronavírus a diferentes vacinas. Resultados da pesquisa foram publicados na revista PLOS Biology.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 198 vacinas contra COVID-19 estão em fase de desenvolvimento, com 44 delas se encontrando na fase de testes clínicos. As vacinas estão sendo desenvolvidas em cinco diferentes plataformas tecnológicas, com cada uma tendo vantagens e desvantagens.
Como bactérias resistentes a antibióticos, o SARS-CoV-2 pode desenvolver com o tempo uma tolerância a vacinas. Sendo assim, um dos principais fatores de avaliação da eficácia de vacinas candidatas é a sua estabilidade duradoura, independentemente da mutação viral. Cientistas da Universidade da Pensilvânia, David Kennedy e Andrew Read, elaboraram um sistema de controle de resistência do vírus que usa amostras padronizadas de testes clínicos.
“Como temos visto com outras doenças, como pneumonia, a evolução de resistência pode rapidamente tornar vacinas ineficazes. Aprendendo com estes desafios anteriores e implementando conhecimento durante design de vacinas, nós podemos ser capazes de maximizar impacto duradouro de vacinas contra COVID-19”, destacou o professor de Biologia David Kennedy, segundo comunicado da Universidade da Pensilvânia.
No artigo, pesquisadores descrevem um sistema de três etapas de controle de resistência baseado na análise de amostras de sangue e do nariz, recebidas durante os testes clínicos para quantificar reações das pessoas a vacinas.
Em primeiro lugar, os autores propõem que amostras de sangue sejam usadas para avaliar a redundância da proteção imunológica gerada pelas vacinas candidatas medindo os tipos e quantidades de anticorpos e células T que estão presentes.
“Como combinação de terapia antibiótica atrasa a evolução de resistência a antibióticos, vacinas desenvolvidas a induzir resposta imune redundante ou aquelas que encorajam o sistema imunológico a mirar em vários locais, chamados de epítopos, na superfície do vírus, podem atrasar a evolução de resistência a vacinas. Isso porque o vírus deve adquirir não só uma, mas várias mutações para sobreviver a um ataque do sistema imunológico do hospedeiro”, explicou Andrew Read, professor de Biologia e diretor do Instituto de Ciências Naturais da Universidade de Pensilvânia.
Em segundo lugar, os cientistas sugerem usar amostras do nariz, habitualmente recolhidas durante testes clínicos, para definir o índice viral, ou seja, a quantidade do vírus presente no organismo, que pode ser considerada indicadora da carga viral e de possibilidade de transmissão.
Segundo os pesquisadores, supressão rigorosa do vírus por uma vacina eficaz não só vai proteger os vacinados, mas também vai prevenir a transmissão do vírus, durante a qual surgem mutações, aumentando sua resistência.
Finalmente, os autores sugerem que os dados genéticos adquiridos através das amostras de nariz possam ser usados para examinar se ocorreu a seleção orientada pela vacina. Quaisquer diferenças na sequência do genoma em amostras dos vacinados e dos grupos de controle significariam que a seleção sucedeu e, portanto, a tolerância à vacina parcial surgiu.
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