Espécie de sapo com “pele invisível” é descoberta no Equador

(dr) Geoff Gallice / Wikimedia

Hyalinobatrachium yaku, conhecidos como "glass frogs" (sapos de vidro)

Hyalinobatrachium yaku, conhecidos como “glass frogs” (sapos de vidro)

Na região neotropical do Planeta, próximo à América Central, há um grupo de chamados glass frogs (sapos de vidro) que surpreendem por sua transparência: o corpo dos glass frogs deixa os órgãos à mostra na parte de baixo, enquanto a pele protege a região da barriga.

Espécies recentemente descobertas na área leste do Equador, onde se desenvolve uma faixa de vegetação amazônica, chegam mais à frente na empreitada de revelar totalmente o coração. Isso graças à pele translúcida, que se estende por todo o peito e lhes recobre o abdômen.

Eles também podem ser identificados pelas manchas verde escuras ao topo da cabeça e na maior parte do corpo. Além disso, as espécies têm um coaxar característico.

O sapo recém-descoberto expressa um comportamento diferente entre os anfíbios, porque possui cuidados parentais pelos seus filhotes. Os machos são frequentemente descritos pela prática de protegê-los.

A espécie recebeu o nome de Hyalinobatrachium yaku – o termo yaku pode ser traduzido como “água” em kichwa, uma das línguas da região. Água e, sobretudo, correntes de fluxo lento são fatores cruciais para a reprodução de todos os glass frogs conhecidos.

À luz da ciência

O anfíbio foi estudado e descrito por uma equipe de cientistas liderada pelo Prof. Dr. Juan Guayasamin, da universidade San Francisco de Quito, no Equador.

Identificadas as individualidades das novas espécies, os pesquisadores notaram diferenças comportamentais entre as populações. Duas delas, encontradas na vegetação de uma floresta intacta em Kallana, coaxavam debaixo das folhas, alguns metros acima da correnteza, numa região mais rasa e estreita.

Outro sapo destas espécies tem sido visto em uma área coberta por florestas secundárias na vila equatoriana de Ahuano. Esse anfíbio também foi encontrado sob uma folha, um metro acima de correnteza rasa e lenta, em comportamento similar.

No entanto, na terceira localidade – uma floresta desmatada em São José de Payamino – os sapos estudados estavam empoleirados nas folhas de pequenos arbustos, samambaias e gramíneas, a uma distância de 30 a 150 centímetros acima do solo. Surpreendentemente, cada um deles estava distante em mais de 30 metros da correnteza mais próxima.

Pesquisadores constataram que, devido à distância geográfica de aproximadamente 110 quilômetros entre as localidades onde as novas espécias foram encontradas, é comum que elas se distribuam amplamente, chegando inclusive ao Peru, que compartilha a fronteira com o Equador.

As incertezas sobre o alcance em que se distribuem esses sapos provêm de uma série de razões. As espécies menores, de aproximadamente 2 centímetros, são difíceis de serem visualizadas embaixo das folhas.

Mesmo que modelos das espécies tenham sido reunidos previamente para estudo, sua distinção seria quase impossível: muitos dos traços característicos, como as manchas verde-escuras, perdem-se após a preservação.

Por esse motivo, o estado de conservação das espécies foi listado como “carente de dados”, conforme os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Ainda assim, os pesquisadores identificaram as maiores ameaças às espécies, incluindo a extração de óleo na região e seus problemas decorrentes: a poluição da água, a construção de estradas, a degradação do hábitat desses sapos e seu isolamento.

“Presumivelmente, os glass frogs demandam trechos contínuos de floresta para interagir com as populações próximas, e as rodovias agem potencialmente como barreiras à dispersão de espécies transitórias”, explicaram os pesquisadores.

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