Enquanto o nosso planeta continua aquecendo mais rapidamente que o nosso almoço, cientistas identificaram outra consequência prejudicial das mudanças climáticas. De acordo com os biólogos, os mamíferos de sangue quente e os pássaros terão mais facilidade que os anfíbios e répteis para sobreviver às mudanças.
Não só a temperatura do nosso planeta está em completa desordem, como algumas espécies podem ter mais dificuldades em se adaptar que outras, potencialmente adulterando a balança da biodiversidade da Terra para sempre. Um estudo sobre o assunto foi publicado esta semana na revista Nature Ecology & Evolution.
Os cientistas da University of British Columbia, no Canadá, observaram os dados da atual distribuição dos animais, assim como o registro de fósseis e informações filogenéticas de 11,465 espécies diferentes e reconstruíram com precisão o local exato onde cada espécie viveu e sob que temperaturas, durante os últimos 270 milhões de anos.
Assim, os pesquisadores descobriram que os animais endotérmicos, como os mamíferos e pássaros, conseguiram se espalhar pelo planeta, e migrar para ambientes mais frios. Este fato os torna mais propensos a sobreviver aos efeitos das mudanças climáticas do que os seus pares ectotérmicos: os répteis e anfíbios.
O raciocínio se baseia em três qualidades distintas que os mamíferos endotérmicos têm face às espécies ectotérmicas.
Em primeiro lugar, os pássaros e mamíferos têm limites climáticos mais amplos, o que significa que seriam aptos a sobreviver em uma maior variedade de ambientes.
Em segundo lugar, os animais endotérmicos têm uma capacidade de dispersão maior. Ou seja, conseguem viajar por lugares inadequados para habitat. Por último, os pesquisadores identificaram que os endotérmicos são capazes de aquecer os seus embriões em desenvolvimentos e alimentá-los.
Por outro lado, os ectotérmicos não mostraram qualquer capacidade de se adaptar a climas a que já não estejam habituados, potencialmente devido à sua fisiologia. Enquanto os mamíferos e pássaros serão capazes de autorregular suas temperaturas, os sapos e répteis não. E os seres humanos?
“O Homo Sapiens é apenas uma espécie endotérmica e uma espécie muito jovem (com apenas 1 milhão de anos), de modo que a conclusão do padrão geral pode não se aplicar a esta espécie em particular”, disse ao Alphr Jonathan Rolland, o autor do estudo.
“Uma potencial aplicação do resultado nos humanos é provavelmente que a aquisição da endotermia na evolução pode ajudar todos os mamíferos (e provavelmente também todas as linhagens ancestrais que levem aos hominídeos) para sobreviver melhor após as mudanças climáticas”.
E o que os Homo Sapiens podem aprender com os pássaros e mamíferos para sobreviver ao aquecimento global? Apesar de Rolland admitir não ser especialista na área, acredita que, ironicamente, a resposta pode estar na biodiversidade.
“Eu acredito que preservar a biodiversidade ajudará os humanos, porque confiamos em ecossistemas eficientes que funcionam para os nossos recursos e isso só pode acontecer se uma parte substancial da biodiversidade for conservada”, explicou Rolland.
“Conservar algumas espécies ajudará a conservar alguma estabilidade na cadeia alimentar e, em último plano, nos permitir manter um tamanho populacional razoável ao longo do tempo”. É um plano apropriado, apesar de as coisas já não parecerem estar em muito bom estado no que toca à biodiversidade.
De acordo com o Centro de Saúde e do Meio Ambiente Global de Harvard, as mudanças climáticas ameaçam 25% das espécies na terra e na água com extinção, se estas falharem em se adaptar às mudanças de temperatura do mundo.
Ciberia // ZAP