Estimativa inédita da população total dos dinossauros foi publicada na revista “Science”. Biólogo brasileiro integrou equipe da Universidade da Califórnia que fez o cálculo.
Se um Tyrannosaurus rex já parece bastante assustador, imagine 2,5 bilhões deles. Este é o número de espécimes que se estima terem vivido na Terra entre 68 milhões e 66 milhões de anos atrás, segundo um estudo publicado na revista científica Science nesta quinta-feira (15/04).
Uma equipe da Universidade da Califórnia em Berkeley, da qual fez parte um biólogo brasileiro, Daniel Varajão Latorre, fez o cálculo de quantos tiranossauros viveram ao longo de 127 mil gerações usando como base dados que incluem o tamanho do corpo do animal, a idade de sua maturidade sexual e sua necessidade de energia para viver.
A população total de 2,5 bilhões de dinossauros é um número inédito, mas apenas uma estimativa com uma margem de erro que não perde em tamanho para o T. rex.
“[2,5 bilhões] são muitas mandíbulas”, afirmou o principal autor do estudo, Charles Marshall, diretor do Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia. “São muitos dentes. São muitas garras”, brincou.
A espécie de dinossauro vagou pela América do Norte durante cerca de 1,2 milhão a 3,6 milhões de anos. Isso significa que a densidade populacional dos animais não era necessariamente alta. Em uma área do tamanho da cidade de Washington, por exemplo, deveriam viver dois tiranossauros ao mesmo tempo. Já no espaço da Califórnia, estima-se a convivência de 3.800, diz o estudo.
Marshall afirmou que a estimativa da população é importante pois ajuda os cientistas a terem uma ideia da taxa de preservação dos fósseis de T. rex. Apenas cerca de 100 fósseis da espécie foram encontrados até hoje – 32 deles com material suficiente para constatar que eram adultos.
Segundo o autor da pesquisa, se tivessem vivido 2,5 milhões de tiranossauros no mundo em vez de 2,5 bilhões, provavelmente nunca teríamos tido conhecimento de sua existência.
O cálculo
A equipe de Marshall calculou o número usando uma regra geral da biologia que diz que quanto maior o animal, menos densa é sua população. Então os pesquisadores estimaram quanta energia o dinossauro carnívoro precisava para se manter vivo – algo entre um dragão-de-komodo e um leão. Também quanto maior a energia necessária, menos densa é a população.
Os cientistas ainda levaram em consideração que o Tyrannosaurus rex atingiu níveis de maturidade sexual em torno de 14 a 17 anos de idade, e viveu no máximo 28 anos.
Dadas as incertezas na duração das gerações dos dinossauros, no alcance e por quanto tempo eles vagaram, o estudo concluiu que a população total de tiranossauros deve ter sido de no mínimo 140 milhões de animais e um máximo de 42 bilhões, com 2,5 bilhões como valor médio. Ou seja, uma margem de erro um tanto gigantesca.