O editor do site ultradireitista “Breitbart News” Milo Yiannopoulos anunciou nesta terça-feira que deixará o cargo após se envolver em uma forte polêmica por declarações relativas à pedofilia.
O polêmico Milo Yiannopoulos trabalhava para o veículo que era comandado até pouco tempo atrás por Steve Bannon, atual estrategista-chefe da Casa Branca e uma das figuras mais próximas ao presidente do país, Donald Trump, desde a campanha eleitoral.
Em um pronunciamento a jornalistas em Nova York, Yiannopoulos anunciou que deixaria o cargo. O editor do “Breitbart News” disse que essa foi uma decisão tomada por ele próprio e que lançará nos próximos dias seu próprio site.
“O ‘Breitbart’ me permitiu apresentar ideias conservadoras e liberais a comunidades que, de outro modo, nunca as teriam ouvido. Sou grato por essa liberdade e pelas amizades que construí lá”, disse Yiannopoulos.
O agora ex-editor do “Breitbart News” foi muito criticado após a divulgação de um vídeo em que ele brincava sobre um encontro sexual que teve quando era adolescente com um sacerdote católico. As declarações dadas por ele na gravação foram interpretadas como se Yiannopoulos defendesse relações sexuais entre adultos e crianças.
No vídeo vê-se Yiannopoulos a afirmar a um animador de rádio: “Não. Não. Não. Você está a interpretar mal o que significa pedofilia. Pedofilia não é uma atração sexual por alguém com 13 anos que é sexualmente maduro, é atração por crianças que ainda não atingiram a maturidade”.
Yiannopoulos, britânico de 33 anos, se defendeu pelo Facebook e afirmou que não apoia a pedofilia, uma atitude que descreveu como um “crime asqueroso e vil, talvez o pior existente”. Além disso, garantiu que as imagens foram propositalmente editadas dentro de um “esforço coordenado” para desacreditá-lo entre os republicanos.
Hoje, o jornalista revelou que foi abusado sexualmente por dois homens quando tinha entre 13 e 16 anos. “Minha experiência como vítima me levou a crer que poderia dizer qualquer coisa sobre o assunto, à margem do escândalo que poderia provocar”, disse.
“Mas entendo que minha habitual mistura de sarcasmo britânico, de provocação e de humor negro poderiam ser confundidos com frivolidade, a falta de cuidado de outras vítimas ou, pior ainda, a defesa (da pedofilia)”, completou o ex-editor.
O pedido de demissão do site pró-Trump ocorreu um dia depois que a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) cancelasse o convite feito a Yiannopoulos para participar do encontro, que começa amanhã e se estende até o próximo sábado.
Trump e outros importantes líderes republicanos participarão do evento, que será realizado em um centro de convenções em Maryland.
No início de fevereiro, Yiannopoulos foi obrigado a cancelar uma palestra na Universidade da Califórnia em Berkeley depois de violentos protestos no campus para impedir o evento. No dia seguinte, Trump divulgou uma mensagem no Twitter perguntando se a instituição deveria continuar recebendo recursos federais após os protestos.
Em outubro, depois de Yiannopoulos anunciar a intenção de comprar o 4-chan, o polêmico serviço de fóruns de discussão onde o “trolling” na internet nasceu, a revista Vice considera que o editor do Breitbart poderá mesmo ser “o maior troll do mundo”.
Yiannopoulos não se preocupa com o título. “Não quero que toda a gente seja como eu. Apenas acho que algumas pessoas devem ser como eu”, diz Milo Yiannopoulos à Vice.