As enormes distâncias até os exoplanetas teoricamente capazes de suportar vida impedem a observação direta e a exploração dessas possibilidades, levando cientistas a procurar soluções inovadoras.
Uma equipe de astrônomos da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, propôs uma nova maneira de descobrir se um exoplaneta, ou seja, um planeta fora do nosso Sistema Solar, é potencialmente habitável.
De acordo com seu estudo, publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, a nova abordagem é baseada na cor da sua superfície e na quantidade de luz que ela reflete.
“Observamos como diferentes superfícies planetárias nas zonas habitáveis de sistemas solares distantes poderiam afetar o clima dos exoplanetas. A luz refletida na superfície dos planetas tem um papel significativo não apenas no clima em geral, mas também nos espectros detectáveis dos planetas semelhantes à Terra”, disse Jack Madden, astrônomo e coautor do estudo.
Durante suas pesquisas, os astrônomos examinaram vários tipos de estrelas, bem como as superfícies dos planetas. Em seguida, criaram um algoritmo para calcular o clima com base na cor da superfície de um planeta e na luminosidade de sua estrela.
Por exemplo, se um planeta é rochoso e feito de basalto negro, ele absorverá mais luz e, portanto, terá uma temperatura mais quente. Em contraste, uma superfície arenosa rodeada de nuvens reflete mais luz, portanto a temperatura geral do planeta será mais fria.
O astrônomo Jack Madden explicou o conceito do estudo por meio de uma analogia com nosso cotidiano:
“Pense em usar uma camiseta escura em um dia quente de verão. Você vai esquentar mais, porque a roupa escura não está refletindo a luz. Ela tem um albedo [poder de reflexão] baixo e retém o calor. Se você usa uma cor clara, como o branco, seu albedo alto reflete a luz, e sua camiseta te mantém fresco”, disse Madden.
De acordo com Lisa Kaltenegger, coautora do estudo, o exemplo da camiseta é semelhante ao funcionamento das estrelas e dos planetas. “Dependendo do tipo de estrela e da cor primária do exoplaneta, a cor do planeta pode mitigar parte da energia emitida pela estrela”.
“A composição da superfície de um exoplaneta, a quantidade de nuvens o cercam e a cor do seu sol podem mudar significativamente o clima de um exoplaneta”, explicou Kaltenegger.
A nova abordagem pode simplificar a busca por planetas distantes potencialmente habitáveis. Os pesquisadores estão agora esperando por instrumentos poderosos como o Telescópio Espacial James Webb e o Telescópio Extremamente Grande, que permitirão aos astrônomos testar suas previsões sobre o clima e ajudar na busca da vida em outros cantos do Universo.
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