Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, desenvolveram um fio magnético que pode vir a ser utilizado para detectar células cancerígenas.
A ideia é que esse fio magnético seja inserido na veia de um paciente para depois poder encontrar células cancerígenas que possam estar pela corrente sanguínea. Os resultados da pesquisa foram publicados, na segunda-feira (16), na Nature Biomedical Engineering.
Por enquanto, a técnica só foi testada em porcos, mas detectou de 10 a 80 vezes mais células tumorais do que os atuais métodos de detecção de câncer através do sangue, tornando-se uma poderosa ferramenta para diagnosticar a doença mais cedo.
As células que esse fio magnético pega são as que andam pela corrente sanguínea livremente, conhecidas como células tumorais circulantes, e que podem servir como biomarcadores do câncer, sinalizando a presença da doença.
No entanto, essas células circulantes são escassas e, por isso, uma amostra de sangue normal normalmente não as detecta – afinal, estamos falando de alguns mililitros do volume total de sangue que, em humanos adultos, é de cerca de 5 litros.
É aqui que esse fio magnético pode fazer a diferença. Em primeiro lugar, os cientistas inseriram nos porcos nanopartículas especiais com propriedades magnéticas e um anticorpo que se liga às células tumorais circulantes.
Em seguida, inseriram o fio numa veia perto da orelha dos animais, que é semelhante às veias do braço de um ser humano e, quando as células do tumor flutuaram pelo fio, que tem aproximadamente o comprimento de um dedo mindinho e a espessura de um clipe, aderiram ao material. Foi então que o fio magnético foi removido das veias dos porcos, com as células tumorais “presas” nele.
“Acreditamos que seria preciso recolher 80 amostras de sangue para conseguir o que esse fio faz em 20 minutos”, explica Sam Gambhir, um dos cientistas do estudo. “Por isso, esperamos que a nova abordagem possa enriquecer nossa capacidade de detectar o câncer e nos dar uma melhor percepção de quão raras são essas células, e quão cedo aparecem uma vez que o câncer esteja presente”.
No futuro, os pesquisadores acreditam que a técnica também pode ser usada para recolher informações genéticas sobre tumores localizados em locais onde é difícil realizar uma biopsia ou para verificar se um determinado tratamento funciona ou não.
Ou até mesmo se tornar um tratamento em si mesmo. “Se conseguirmos que seja realmente bom em sugar células cancerígenas, quase que age como um filtro que as agarra e as impede de se espalhar para outras partes do corpo”, sugere Gambhir.
Por enquanto, a equipe prepara a técnica para ser testada em humanos, o que envolve entender o que acontece com as nanopartículas magnéticas que ficam no corpo. Segundo o cientista, eles estão neste momento fazendo testes em ratos e, até agora, não se revelaram tóxicas e até se desintegraram em algumas semanas.
Ciberia // HypeScience / ZAP