Cientistas anunciaram terem desenvolvido um teste sanguíneo capaz de detectar precocemente vários tipos de câncer, ao localizar material genético derivado de células tumorais.
O exame de sangue é capaz de detectar precocemente vários tipos de câncer, ao localizar material genético derivado de células tumorais. O estudo foi apresentado em um artigo publicado nesta quarta-feira (16) na revista Science Translational Medicine.
O teste permitiu a uma equipe de cientistas dos Estados Unidos, da Holanda e da Dinamarca identificar com precisão, evitando resultados ‘falsos positivos’, mais de metade de uma amostra de 138 pessoas com câncer colorretal, de mama, do pulmão e dos ovários em uma fase relativamente inicial da doença.
Apesar dos resultados promissores, o teste sanguíneo, que pode ser usado em pessoas saudáveis, tem que ser validado com um número maior de pessoas, ressalva a equipe.
Segundo o grupo de pesquisadores, o teste é uma novidade ao distinguir nas células sanguíneas entre alterações no DNA (material genético) provenientes de células cancerígenas e outras mutações genéticas que podem ser confundidas como biomarcadores do câncer.
As pessoas que poderiam, de acordo com a pesquisa, beneficiar mais com uma análise ao sangue deste tipo seriam os fumantes, que possuem risco acrescido de terem câncer do pulmão, e as mulheres com mutações genéticas hereditárias que estão na origem dos cânceres de mama e dos ovários.
“Este estudo mostra que identificar precocemente o câncer usando alterações do DNA no sangue é possível e que nosso método de sequência de moléculas de DNA de alta precisão é uma abordagem promissora“, defendeu Victor Velculescu, professor de oncologia e patologia no Centro para o câncer Johns Hopkins Kimmel, nos Estados Unidos, citado em comunicado pela Johns Hopkins Medicine, instituição de saúde norte-americana.
Para criarem o novo exame de sangue, Victor Velculescu e os restantes da equipe utilizaram um tipo de sequenciação genômica (sequenciação de informação genética) que possibilita a correção direcionada no DNA. O método de sequenciação permite decodificar 30 mil vezes cada código químico no DNA.
Para o estudo, os cientistas recolheram amostras de sangue e tecido tumoral de 200 doentes com câncer colorretal, de mama, do pulmão e dos ovários em todas as fases da doença. Posteriormente, procuraram no sangue por mutações em 58 genes associados a vários tipos de câncer. Ao todo, conseguiram detectar 86 de um total de 138 cânceres em estádios I e II (fases iniciais).
Além disso, os pesquisadores realizaram a sequenciação genômica de tumores de 100 dos 200 doentes e descobriram que 82 pacientes tinham mutações genéticas relacionadas com as alterações no DNA detetadas no sangue.
Em nenhuma das amostras de sangue de 44 pessoas saudáveis sujeitas ao teste foi detectada qualquer mutação genética derivada de células cancerígenas.
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