Chamas arrasam quase totalidade das instalações em Moria, na ilha de Lesbos. Local registrava lotação equivalente a mais de quatro vezes sua capacidade. Há relatos de que incêndio foi criminoso.
O maior campo de refugiados da Grécia, em Moria, na ilha de Lesbos, ficou praticamente destruído devido a vários incêndios que ocorreram na madrugada desta quarta-feira. O campo abrigava mais de 12 mil pessoas, mais de quatro vezes a capacidade da instalação.
Os incêndios começaram por volta da meia-noite e foram contidos apenas no início desta manhã. Até agora não há relatos de vítimas. A causa do incêndio não foi imediatamente esclarecida. As autoridades ainda estão investigando se houve incêndio criminoso.
Na semana passada, o campo foi colocado em quarentena depois que foram confirmadas as primeiras infecções por covid-19 no local. Na ilha, também ocorrem incêndios florestais, acirrados por fortes ventos.
De acordo com os bombeiros, vários focos de incêndios foram registrados dentro do campo e também no entorno. O presidente do sindicato dos bombeiros disse pela manhã que “99% do campo” foi destruído pelo fogo. Cerca de 25 bombeiros auxiliados por dez veículos ainda tentavam conter as chamas pela manhã. Não havia registro de feridos, além de várias pessoas com sintomas de intoxicação leve por causa da fumaça.
De acordo com o site de notícias local Lesvospost, mais de 3 mil tendas, milhares de contêineres, escritórios administrativos e uma clínica dentro do campo foram destruídos.
O campo de refugiados está superlotado há anos. De acordo com o Ministério da Migração grego, cerca de 12,6 mil refugiados e migrantes viviam no local – ele foi projetado para receber apenas 2,8 mil pessoas.
Desde a semana passada, os moradores convivem com restrições adicionais. Desde que um migrante da Somália foi diagnosticado com covid-19 tem havido cada vez mais casos de contágio, o que obrigou as autoridades a colocar o campo sob quarentena. As autoridades de saúde anunciaram na terça-feira que 35 infecções já foram registradas.
Existem diferentes relatos sobre as causas dos incêndios. Alguns residentes do campo falaram de incêndios criminosos provocados por habitantes locais, outros disseram que os próprios migrantes iniciaram os incêndios.
De acordo com o presidente da câmara da pequena localidade de Moria, Yiannis Mastroyiannis, o incêndio começou depois que os 35 requerentes de refúgio testaram positivo para covid-19 e se recusaram a ir para um centro de isolamento.
A agência de notícias grega Ana informou que os incêndios começaram após uma revolta no campo de refugiados. Alguns protestaram contra uma ordem para serem mantidos em isolamento após terem testado positivo para o coronavírus ou por terem contato direto com pessoas infectadas.
Milhares de residentes fugiram do campo a pé em direção ao porto da capital da ilha, Mitilene, mas foram parados por veículos da polícia. A maioria deles estava sendo vigiada por policiais às margens de uma rodovia próxima.
Os serviços de emergência da ilha também combatem desde a noite de terça-feira um grande incêndio florestal cerca de 25 quilômetros a noroeste de Moria.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, convocou uma reunião de emergência em Atenas. Segundo o porta-voz do governo Stelios Petsas, suspeita-se de um incêndio organizado. Ele também confirmou que alguns migrantes tentaram impedir os bombeiros de combater o incêndio.