Estudo publicado na Journal Science demonstra a ligação direta entre o número de cigarros consumidos durante a vida toda de um fumante e o número de mutações em seu DNA.
A maior taxa de mutação foi observada em tumores de pulmões, mas outros tumores em outras partes do corpo também apresentam essas mutações relacionadas ao cigarro. Isso explica como o hábito causa câncer de vários tipos em várias partes do corpo.
Fumar mata pelo menos 6 milhões de pessoas todos os anos em todo o mundo, e se esta proporção continuar nas próximas décadas, a Organização Mundial da Saúde calcula que mais de 1 bilhão de pessoas vão morrer no século XIX por doenças causadas pelo cigarro.
O cigarro está associado a 17 tipos de câncer humanos, mas até agora nenhum estudo mostrou claramente como as substâncias dele causam esses tipos de tumor.
Para este estudo, publicado esta sexta-feira (04) na revista Science, pesquisadores do Wellcome Trust Sanger Institute, no Reino Unido, e do Los Alamos National Laboratory, nos Estados Unidos, compararam tumores de pacientes que fumavam com tumores de pacientes que não fumavam.
Eles encontraram danos específicos na impressão digital genética – chamados de assinaturas mutacionais – dos fumantes e fizeram a contagem de quantas dessas mutações particulares foram encontradas em diferentes tumores.
O resultado é que fumar um maço de cigarros por dia causa 150 mutações em cada célula do pulmão por ano de fumo. Essas mutações representam o início de uma cascata de danos genéticos que podem causar o câncer.
“Agora podemos observar e quantificar as mudanças moleculares no DNA causadas por fumar. Isso explica por que fumantes têm uma taxa de risco de câncer tão alta”, diz o pesquisador principal, Ludmil Alexandrov, do Los Alamos National Laboratory.
Outros órgãos muito afetados são a laringe, com 97 mutações, a boca, com 23 mutações, a bexiga, com 18 e o fígado, com 6 mutações em cada célula por ano de fumo.
O estudo revelou pelo menos cinco processos distintos de danos no DNA, sendo que o mais frequente deles é uma assinatura mutacional encontrada em todos os tipos de câncer. Neste caso, fumar tabaco parece acelerar a velocidade do relógio celular que causa as mutações de DNA prematuras.
“O genoma de cada câncer fornece um tipo de ‘registro arqueológico’, escrito no código do próprio DNA, sobre as exposições que causaram a mutação que levou ao câncer”, diz ao Science Daily o pesquisador Mike Stratton, um dos autores do artigo e profissional do Wellcome Trust Sanger Institute.
“Este estudo nos diz que observar o DNA do câncer pode fornecer novas dicas provocativas sobre como o câncer se desenvolve e como, potencialmente, pode ser prevenido”, conclui o pesquisador.
// HypeScience