Astrofísicos desconfiam de que há uma “galáxia invisível” escondida na Via Láctea

STScI / NASA / ESA

Os cientistas acreditam que no coração de quase todas galáxias, incluindo na Via Láctea, exista um buraco negro supermassivo com grande gravidade. Estes buracos negros podem “alojar” outros menores, formando uma estrutura em sua volta, aponta um novo estudo.

Estes buracos negros, conhecidos como SMBHs, estão cercados por aglomerados densos de milhões de estrelas e, de acordo com descobertas recentes, existem provavelmente milhares do buracos negros menores, do tamanho de estrelas, que orbitam a poucos anos-luz do centro galático, formando assim uma “galáxia” dentro da nossa.

Astrofísicos da Universidade Eotvos Loránd, na Hungria, detalharam em um novo estudo, publicado na semana passada nas Physical Review Letters, que os objetos mais massivos formam uma estrutura em volta do buraco negro supermassivo central, onde se ocultariam milhares de outros buracos negros.

Até então, os cientistas acreditavam que as órbitas dos objetos estelares ligeiros e massivos se distribuíam de forma uniforme em todas as direções em volta dos buracos negros supermassivos, explicou Akos Szolgyen, um dos autores do estudo acrescentado que agora os pesquisadores “sabem que as estrelas massivas e os buracos negros se separam tipicamente em um disco“.

Segundo o estudo, os pesquisadores simularam a interação das órbitas estelares em “agrupamentos de estrelas nucleares” – grupos de estrelas com alta densidade e luminosidade –, que se encontram perto do centro de massa da maioria das galáxias.

Szolgyen acredita que os aglomerados das estrelas nucleares podem se formar de duas formas distintas: a primeira sugere que o gás voou para o centro da galáxia e formou estrelas em volta do agrupamento do buraco negro supermassivo; sua forma aponta que os aglomerados globulares antigos se deslocaram em espiral até o centro galático, onde acabaram por ser destruídos pelas forças gravitacionais do buraco negro.

Com o tempo, as estrelas mais massivas formaram discos em volta do buraco negro supermassivo central, e os objetos estrelares mais rápidos em volta dele acabaram repartidos esfericamente em torno do núcleo galático.

Posto isto, os astrofísicos concluíram que os milhares de buracos negros já previstos à volta do centro galático se escondem dentro da estrutura do disco já demonstrado – incluindo mesmo a Via Láctea.

“Se milhares de buracos negros residem em um disco em volta de um buraco negro supermassivo central, eles podem deformar e perfurar coletivamente as nuvens de gás ambiente em núcleos galáticos ativos, dos quais fluxos de saída altamente energéticos são observados”, explicou Bence Kocsis, um dos participantes do estudo.

“Essas saídas podem afetar fundamentalmente a estrutura em grande escala da galáxia hospedeira, mesmo a milhares de anos-luz de distância”, concluiu.

Essa previsão pode ter importantes implicações para a nossa compreensão da dinâmica estelar, dos núcleos galáticos, da evolução das galáxias e da origem das ondas gravitacionais – ou ondulações no tecido do espaço-tempo.

Ciberia // Sputnik / ZAP

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