Os combatentes das Forças Democráticas da Síria (FDS), aliança árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos, reconquistaram o último enclave que ainda era controlado pelo grupo Estado Islâmico (EI) no leste da Síria, o vilarejo de Baghouz.
O anúncio, feito na manhã de sábado (16) pela ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), baseada em Londres, marca o fim do califado autoproclamado pelos ultrarradicais sunitas.
A queda do último reduto dos extremistas do EI foi confirmada por fontes da oposição síria e do regime em Damasco. O OSDH informa que vários jihadistas se renderam, mas outros ainda estão escondidos em túneis subterrâneos, onde mantêm civis como reféns.
Na fortaleza que construíram no vilarejo de Baghouz, localizado na margem oriental do rio Eufrates, perto da fronteira com o Iraque, havia cerca de 440 radicais sunitas de várias nacionalidades – turcos, usbeques, iraquianos e chechenos. Vários deles se renderam nas últimas 48h, vendo que estavam cercados pela aliança árabe-curda.
A ofensiva final das FDS começou há uma semana. O comandante das FDS, Jiat Furat, disse em entrevista coletiva na base de Al-Omar que “o fim da existência do EI” será anunciada em “poucos dias”.
Paralelamente, o vice-presidente americano, Mike Pence, que participa em Munique da Conferência de Segurança de Munique, prometeu que os Estados Unidos continuarão a combater “os remanescentes do EI” a longo prazo, apesar da retirada de 2.000 soldados americanos da Síria anunciada por Donald Trump.
Os extremistas cavaram dezenas de túneis na área e as operações de vistoria desses esconderijos subterrâneos podem demorar vários dias, principalmente porque também há civis entre os extremistas.
Ao perder Baghouz, o grupo Estado Islâmico não controla mais nenhuma cidade ou vilarejo na Síria e no Iraque. No auge do autoproclamado califado islâmico, em 2014, os ultrarradicais sunitas chegaram a controlar um território de 100 000 quilômetros quadrados entre os dois países.
A derrota do EI não significa, no entanto, o fim da ameaça terrorista. Ainda existem pequenos grupos de combatentes escondidos no deserto sírio de La Badia, que se estende até a fronteira com o Iraque, assim como na região iraquiana de Al-Anbar. O temido chefe do EI, Abou Bakr al-Baghdadi, estaria em algum desses refúgios.
Ainda não há um balanço preciso do número de mortos na batalha de Baghouz. Treze jihadistas morreram em combate nas últimas horas, enquanto 16 civis perderam a vida esta semana num bombardeio aéreo da coalizão ocidental.
// RFI