Era um dia nublado quando chegamos na Av. Mercedes, número 1133, no Alto da Lapa, em São Paulo. Ali está a Casa de Repouso Solar das Mercedes, a morada de pouco mais de 15 idosos que compartilham diariamente seus anseios, desejos, medos, inseguranças, risadas e sonhos.
Sonhos esses o pessoal do Razões para Acreditar (RPA) foi ouvir para preparar uma surpresinha para eles e, quem sabe, transformar o tempo chuvoso em um dia de sol brilhante.
Ao chagarem, os membros do RPA encontraram uma rodinha de mulheres que estavam prontas e dispostas a bater um papo. No lugar com cara de casa de avó, a nostalgia toma conta e cada palavra dita é como um abraço apertado, cheio de saudade.
Nessa mala de memórias coube também muita vontade de simplesmente cruzar fronteiras, conhecer o mundo, coisa que era mais difícil antigamente do que é agora.
A primeira entrevistada foi Cleide Ribeiro Fredegotto, de 74 anos, nascida e criada na Vila Romana, assim como boa parte de suas colegas. Com família de origem portuguesa e parentes em Portugal, ela não nega o desejo de visitar a terrinha. “Ah, eu quero! Minha filha sabe que eu quero ir lá. Quem sabe eu não tenha a oportunidade, né?”, diz.
O país ao lado, a Espanha, apareceu entre os lugares que a tagarela Lourdes Benigno Pacheco gostaria de ir. Filha de espanhola que chegou ao Brasil com 13 anos, sua trajetória revela raízes bem densas em diversas áreas da vida.
Ela morou por 60 anos na Pompeia, onde viveu com o marido José Cabral, neto de portugueses, por 59 anos. “A gente tinha muito amor, filha! Mas eu não queria saber de Portugal, não. Queria conhecer a Espanha, não imagino como seria”, disse.
Ao lado dela estava a debochada Neusa Zabel, que com seu bom humor não quis revelar a idade, mas nos contou o que fez ao longo da vida. “Fui do lar… e muito!”, disse rindo, como quem não podia sair por conta dos afazeres domésticos. Mas ela deu suas escapadas, indo para o Rio de Janeiro.
“Sou apaixonada por praia! Eu gosto de viagens, mas odeio despedidas”, afirma. Com família italiana presente nas suas lembranças, ela também sonha em ver o Coliseu de perto, em Roma.
O país também aparece entre os desejos de Amália Beltran, uma simpática senhora de 91 anos, que tem mais energia do que muito marmanjo. Porém, ela fica mexida mesmo quando o assunto é Jerusalém, em Israel. O vídeo abaixo, feito em parceria com a Intel, mostra o que a experiência de visitar a cidade significa para ela:
Sonhar acordado é delicioso, mas já imaginou o que a realidade virtual pode fazer? É possível ir além dos joguinhos e, mais do que isso, aproximar as pessoas de seus desejos, memórias e coisas tão íntimas quanto os sonhos que estavam esperando para acontecer.
A tecnologia também ajuda a transformar a força do subconsciente em matéria, em algo consciente, nem que seja por alguns minutos. O sonho resiste ao tempo, transcende barreiras, escala montanhas. É ele que move as pessoas todos os dias, que nos desperta de um sono bom. Realizar um sonho é como realizar-se por completo.
É saber que o aqui e agora são sempre momentos possíveis, independente de quantos anos já se tenham vivido. Sonhar é e sempre será o impulso maior da nossa existência, a perpetuação do que desejamos, a potência do que podemos ser e fazer.