Harvey atingiu “proporções épicas” e já custa 42 bilhões de dólares aos EUA

(dr) Richard Carson / REUTERS

Inundações em Houston, no Texas

Os custos dos desgastes provocados pela tempestade Harvey, que atingiu o Estado do Texas e ameaça o da Louisiana, foram hoje estimados em 42 bilhões de dólares (cerca de R$ 120 bilhões).

Furacão Harvey

O valor, que ainda precisa ser confirmado, foi divulgado pelo fundador da agência de modelização Enki Research, Chuck Watson, os custos podem ficar entre os cinco maiores alguma vez já registrados nos EUA.

O resultado dos cálculos passou rapidamente de 30 bilhões para 42 bilhões de dólares, com as inundações a atingirem o Estado vizinho da Louisiana e as medidas tomadas para conterem o avanço das águas sendo consideradas insuficientes.

O essencial das operações está focado na retirada das populações e no socorro aos afetados, mas a questão do impacto sobre a economia do Texas, o segundo maior Estado dos EUA, em termos de superfície e população, irá se tornar muito mais importante.

“Se Harvey fosse uma tempestade como as outras, falaríamos de estragos em torno dos quatro bilhões de dólares. Seria trágico para as pessoas afetadas, mas não se falaria do impacto no conjunto da economia”, destacou Watson.

Mas, com estragos quantificados em 42 bilhões de dólares, Harvey fica ao nível dos furacões Ike, que atingiu o Texas e parte das Antilhas e do Caribe em 2008, provocando estragos avaliados em 43 bilhões de dólares, e Wilma, que devastou o norte dos EUA, em 2005, que destruiu o equivalente a 38 bilhões de dólares.

O valor mais alto deste tipo de destruição é o do Katrina, ocorrido em 2005, que atingiu os 118 bilhões de dólares.

O Texas representa 9% do Produto Interno Bruto dos EUA, logo a seguir à Califórnia, e equivale a uma economia com dimensão superior à do Canadá ou da Coreia do Sul.

Michael Wyke / EPA

Passagem do furacão Harvey pelo estado norte-americano do Texas

Impacto na energia, indústria, agricultura e informática

O banco Goldman Sachs estimou que o Harvey pode retirar 0,2 pontos percentuais à taxa de crescimento da economia dos EUA no terceiro trimestre. “Mas o impacto no conjunto do segundo semestre ainda é incerto”, informaram os analistas do banco em nota sobre a conjuntura.

“Os efeitos negativos poderiam ser compensados pelo aumento dos investimentos das empresas e das atividades de construção, no período posterior ao do furacão”, acrescentaram.

A costa texana, no Golfo do México, tem cerca de um terço das capacidades de refinação dos EUA e importantes instalações, como as da ExxonMobil em Baytown, que foram fechadas. Segundo um estudo do banco Barclays, 40% da capacidade de refinação dos EUA esteve hoje parada, ou em vias disso.

Além da energia, as consequências da catástrofe serão sentidas na indústria, como na informática, defesa e agricultura, em particular na criação de gado.

Se, num primeiro momento, as destruições reduzem a atividade econômica, são seguidas depois por uma intensificação da atividade associada à reconstrução das regiões devastadas.

Mas, segundo o Insurance Information Institute, apenas 12% dos proprietários nos EUA tinham seguros em 2016 contra prejuízos provocados pela água, taxa que atinge os 14% no sul do país.

É uma situação verdadeiramente crítica, não apenas do ponto de vista meteorológico, mas também financeiro, para as pessoas”, disse à AFP Loretta Worters, porta-voz do Instituto, destacando que sem ajuda do Governo as vítimas podem ficar arruinadas.

Quanto às companhias de seguros, a situação não é muito preocupante, considerou, uma vez que o setor tem um excedente de 700 bilhões de dólares e pode assumir os custos das indenizações.

Nos EUA, a cobertura para os prejuízos provocados pela água é diferente da cobertura multirriscos da habitação. Chuck Watson lembra que, pelos mapas de riscos ainda não terem sido atualizados, “dois terços das zonas inundadas não são consideradas como de risco”.

Para as pessoas mais pobres, sem poupanças, os rendimentos vão acabar imediatamente. Watson justificou que estas pessoas “são pagas por hora, não têm salário”, realçando que “suas faturas se acumulam e suas casas estão devastadas”. Ele previu que “é um verdadeiro desastre humanitário que se aproxima”.

Michael Reynolds / EPA

Melania e Donald Trump visitam a região afetada pela tempestade tropical Harvey

Harvey atingiu “proporções épicas”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou nesta terça-feira (29) que a tempestade tropical Harvey atingiu “proporções épicas” e expressou agradecimento aos serviços de emergência e às autoridades locais, que recolocaram 17 mil pessoas no estado do Texas.

“A proporção do Harvey foi épica. Nunca ninguém tinha visto algo como isto e só quero dizer que foi uma honra para nós trabalhar com o governador e com toda a sua equipe”, disse o presidente no final de uma reunião com o governador do Estado do Texas, o republicano Greg Abbott.

“O governador fez um trabalho simplesmente excepcional, e pude dizer a ele que meus companheiros me contaram quão bem os seus agentes estiveram em trabalho conjunto; esta é uma verdadeira equipe”, acrescentou Trump, que chegou à pequena cidade do Texas com a preocupação de não interferir no trabalho de recuperação em curso.

“O presidente quer ser muito cuidadoso e garantir que sua atividade não perturba os esforços de recuperação que ainda estão em curso”, disse aos jornalistas a assessora de imprensa momentos antes de o avião presidencial pousar nesta localidade do Texas.

A tempestade tropical Harvey é o primeiro desastre natural que Trump enfrenta enquanto presidente dos Estados Unidos, e uma das preocupações é não repetir os erros de George W. Bush com o furacão Katrina, como os atrasos na resposta à devastação de Nova Orleans, no Estado da Louisiana.

Trump, antes de rumar para Austin, a capital estadual, usou um blusão preto contra a chuva com o selo presidencial no peito e um boné branco com a inscrição USA durante a estada em Corpus Christi, enquanto sua mulher, Melanie Trump, usou um boné preto com a inscrição FLOTUS, de ‘first lady of the United States’, primeira-dama dos EUA.

Recolher obrigatório para evitar crimes

Entre a meia-noite e as 5h da manhã, a quarta mais populosa cidade dos Estados Unidos está proibida de sair nas ruas. Quem deu a ordem foi Sylvester Turner, o prefeito de Houston, dizendo que a medida ficará em vigor por tempo indefinido.

O objetivo é prevenir “crimes contra a propriedade”, depois de as autoridades locais já terem registrados casos de saques a casas evacuadas, assaltos à mão armada e pessoas se passando por agentes da polícia.

Fora do recolher obrigatório ficam os funcionários dos serviços de emergência, os voluntários que ajudam nos esforços de evacuação e distribuição de ajuda aos afetados e as pessoas que vão para o trabalho ou (ou voltam) entre estes horários.

Segundo o Observador, não há previsão de melhorias nas condições meteorológicas para breve e o nível das águas deve continuar a subir.

O número de mortos devido à passagem do Harvey subiu para pelo menos 18, com três novas vítimas confirmadas em Houston, no estado do Texas.

// ZAP

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