O paulista Marcelo D’Salete, de 38 anos, venceu o Prêmio Eisner, considerado o “Oscar” dos quadrinhos, com “Cumbe”, uma história sobre a escravidão no Brasil. D’Salete é professor, ilustrador e, desde 2008, autor de história em quadrinhos.
“Como o prêmio saiu tarde, depois da meia-noite do Brasil, amigos começaram a me parabenizar. Foi uma surpresa muito grande. Lembro que fui conferir as obras que estavam concorrendo, todas de excelentes artistas, imaginei que não seria minha vez”, diz o artista ao UOL.
Lançada nos últimos quatro anos nos EUA, em Portugal, na França, na Itália e na Áustria, “Cumbe” é composta por quatro contos que se baseiam em documentos reais para retratar a resistência dos escravos ao sistema colonial.
A história tem quase 200 páginas, desenhadas em preto e branco e narradas com poucos diálogos. D’Salete transforma em ficção histórias encontradas em relatos antigos, tentando imaginar a perspectiva do escravizado frente aos desmandos do período colonial.
A indicação à categoria de melhor edição americana de material estrangeiro demonstra, segundo D’Salete, o interesse crescente do público pela história da escravidão e do negro no Brasil.
“Essa vitória, dentro de um mercado enorme que é os EUA, é muito significativa para o quadrinho nacional. Ainda mais com um trabalho falando sobre nossa história, de um modo especial. É o meu modo de contar histórias, que inicialmente até achava que afastava as pessoas, mas que está chamando a atenção até de quem não lia quadrinhos”, conclui o autor.
Ciberia // Revista Fórum