Marte partilha a sua órbita com um conjunto de asteroides pequenos, chamados troianos. Agora, uma equipe internacional de astrônomos descobriu que a maioria desses objetos são restos de mini-planetas que foram destruídos por colisões.
Os asteroides troianos se movem em órbitas com a mesma distância média do Sol do que um planeta. Pensa-se que remontem aos primórdios do Sistema Solar, quando a distribuição de planetas, asteroides e cometas era muito diferente da atual.
Marte é, até agora, o único planeta terrestre que se sabe ter companheiros troianos em órbitas estáveis. O primeiro troiano marciano foi descoberto há mais de 25 anos e foi denominado “Eureka” em referência à exclamação do matemático grego Arquimedes.
Para começar, todos os troianos, exceto um, seguem Marte no seu ponto de Lagrange L5 (à frente do planeta). Além do mais, as órbitas de todos menos um dos 8 troianos em L5 estão agrupadas ao redor do próprio Eureka.
Em algum ponto da história do Sistema Solar, uma colisão destruiu um asteroide percursor no ponto L5, e os fragmentos constituem o grupo que observamos hoje. Outra possibilidade é que um processo chamado fissão rotacional fez com que Eureka girasse mais depressa, libertando pequenos pedaços de si próprio para uma órbita heliocêntrica.
Qualquer que seja a razão, o grupo sugere fortemente que os asteroides nesta “família Eureka” fizeram parte de um único objeto ou de um corpo progenitor. Embora as provas circunstanciais desta hipótese sejam fortes, o teste está em desvendar se os asteroides compartilham uma composição comum ou não.
A equipe internacional de astrônomos liderados por Apostolos Christou e Galin Borisov do Observatório e Planetário Armagh, na Irlanda do Norte (Reino Unido), usou o espectrógrafo X-SHOOTER acoplado ao telescópio “Kueyen”, a Unidade 2 do VLT do ESO no Chile, no início de 2016, para registar o espectro de dois asteroides que pertencem à família Eureka: 311999 e 385250.
Graças à análise dos espectros, os especialistas descobriram que ambos os objetos são “gêmeos” de Eureka, em termos de composição, confirmando assim a relação “genética” entre os asteroides.
Os astrônomos concluíram ainda que os asteroides são compostos principalmente por olivina, um mineral que normalmente se forma dentro de objetos muito maiores sob condições de alta pressão de temperatura.
A implicação é que estes asteroides são provavelmente relíquias de material do manto de mini-planetas que, tal como a Terra, desenvolveram uma crosta, um manto e um núcleo através do processo de diferenciação, mas que foram destruídos por colisões há vários milhões de anos.
As descobertas foram divulgadas em um artigo que será publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
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