Em comunicado publicado nesta quinta-feira (13), a Huawei voltou a se defender dos ataques feitos pelos Estados Unidos nesta semana, afirmando que, se tem alguém envolvido com espionagem internacional, esse alguém é justamente o governo americano.
Dedos foram apontados em uma nova declaração da companhia, que rebate a acusação de que ela teria acesso a redes de telefonia internacionais há mais de dez anos, desde a implementação do 4G em diferentes países.
A Huawei já abre o texto citando o caso Edward Snowden, que seria uma demonstração de que espionagem e o uso ostensivo de backdoors em redes de telefonia é uma tradição do governo dos EUA. Prova disso, afirma a fabricante chinesa, é que nesta mesma semana uma reportagem do jornal The Washington Post revelou uma operação de vigilância americana com mais de 50 anos de existência, incluindo a propriedade oculta de uma das maiores empresas de criptografia e segurança informacional do mundo.
Mais uma vez, a chinesa afirmou que as acusações do governo dos Estados Unidos não fazem sentido e vêm como uma cortina de fumaça, com fins políticos. Os ataques também incluem o The Wall Street Journal, responsável pela publicação das falas oficiais, com a fabricante alegando que o jornal sabia que não existiam provas do que estava sendo alegado, mas ainda assim a reportagem aconteceu, o que comprova sua participação em uma campanha para minar a credibilidade da Huawei.
A fala se refere às declarações de Robert O’Brien, consultor de segurança nacional dos EUA, que afirmou ter evidências de que a Huawei tem acesso às informações pessoais de clientes e confidenciais de governos a partir das redes 4G instaladas com equipamentos fabricados por ela. As comprovações não foram apresentadas, mas o porta-voz disse que essa é uma operação que já acontece há 10 anos e que só foi revelada agora, primeiro a parceiros estratégicos como Alemanha e Reino Unido depois ao público devido ao temor de que o mesmo aconteça na implementação do 5G.
Também revelado nesta semana, o caso da Crypto AG chamou a atenção da comunidade internacional. Fundada em 1952 na Suíça, a empresa teve o governo dos EUA como um de seus primeiros clientes durante a Guerra Fria, com os bons serviços a levando ao posto de uma das maiores fornecedoras de ferramentas de comunicação criptografadas do mundo, com mais de 100 nações usando suas plataformas e tecnologias.
O que ninguém sabia, até agora, era que, com isso, todos também estavam dando à CIA acesso às informações confidenciais e criprtografadas, em uma operação chamada Rubicon e citada pela agência como o truque de espionagem perfeito. O caso foi revelado em reportagem da imprensa internacional e a marca Crypto AG, que hoje pertence ao goleiro sueco Andreas Linde, disse operar sem qualquer relação com a antiga companhia e a organização de inteligência americana.
Já as revelações de Edward Snowden trouxeram à tona, em 2013, um programa de espionagem americano voltado para obter informações confidenciais de governos e pessoas comuns, incluindo redes sociais e também presidentes brasileiros como Dilma Rousseff. Milhões de ligações e mensagens de nossos conterrâneos foram analisadas pelas estações de espionagem da CIA, que faziam análise de metadados em busca, segundo a própria agência, de indícios ligados ao terrorismo e ameaças à segurança nacional.
De volta ao comunicado, a Huawei afirma seguir todas as normas internacionais de segurança desde a era do 3G e que isso não mudou agora, com o 5G. Segundo ela, mesmo que quisesse, não seria capaz de realizar operações de interceptação de comunicações, que se existem, são de responsabilidade de governos ou das próprias empresas de telefonia, com a marca não facilitando ou auxiliando tais trabalhos de maneira alguma.
Por fim, a empresa se diz indignada com os esforços dos Estados Unidos em mancharem a imagem da empresa e faz um desafio: se existem, realmente, provas de que ela está realizando espionagem, que elas sejam trazidas à público no lugar das bravatas que costumam aparecer na mídia. Há quase um ano, a Huawei se encontra banida do país, com empresas americanas impedidas de negociarem com ela a não ser que recebam licenças e exceções especiais, que estão demorando a sair.
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