Muitas bombas lançadas durante a Guerra do Vietnã nunca explodiram e representam um sério perigo para a população local. Cientistas desenvolveram uma nova ferramenta alimentada por IA que facilitaria a detecção e desmantelamento desses explosivos.
Um estudo conduzido por cientistas da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, pretende dar uma ajuda na resolução desse grave problema recorrendo à Inteligência Artificial (IA), informou o portal New Atlas.
Os pesquisadores recorreram a imagens de satélite de alta definição para detectar crateras e os dispositivos não detonados, que podem ser tanto bombas, como minas terrestres.
A zona estudada foi uma área de cerca de 100 km2 situada no Camboja, que foi alvo de bombardeio norte-americano em 1973.
Os cientistas recorreram a algoritmos digitais concebidos inicialmente para detectar crateras de meteoros em luas e planetas, e os reprogramaram para que fossem capazes de identificar as diferenças sutis entre esse tipo de cratera e aquelas criadas por bombas.
Isto significa ter em conta diferentes variáveis, como formato, cores, texturas e tamanhos das crateras geradas por bombas. Além disso, é necessário considerar que a vegetação e a erosão modelam e mudificam a cratera ao longo das décadas.
Pesquisadores da Universidade Estatal de Ohio recorrem a IA esperando que isso possa ajudar a encontrar bombas por explodir em países devastados pela guerra
Inicialmente, o algoritmo permitiu detectar 157 das 177 crateras geradas bombas, uma precisão de 89 por cento, apesar de também ter identificado 1.142 falsos positivos, ou seja, locais semelhantes a crateras, mas que não foram criadas por bombas.
Aprimorando os procedimentos, a equipe foi capaz de eliminar 96 por cento desses falsos positivos, mas o algoritmo detectou somente 152 das 177 crateras, uma precisão de 86 por cento.
No entanto, a equipe garante que seu algoritmo é capaz de aperfeiçoar em mais de 160 por cento a capacidade de detecção de bombas não detonadas do que outros métodos desenvolvidos até aqui.
“O processo de desminagem é caro e demorado, mas nosso modelo pode ajudar a identificar as áreas mais vulneráveis, que devem ser desminadas primeiro”, disse Erin Lin, professora assistente de Ciência Política na Universidade Estadual de Ohio, citada pelo New Atlas.
Baseando-se em dados militares desclassificados, pesquisadores estimam que cerca de 3.200 bombas foram lançadas na área estudada. Dessas, entre 1.400 e 1.600 bombas provavelmente não detonaram.
Trata-se de um número impressionante, que representa um sério perigo para os camponeses que habitam a região, principalmente se considerarmos que se trata de uma área usada para agricultura.
Segundo os pesquisadores, a cada semana, uma pessoa é ferida por dispositivos não detonados no Camboja. Ao todo, são mais de 64.000 feridos ou mortos desde que a área foi bombardeada, em 1973.
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