Um novo estudo sugere que os assassinatos de imperadores romanos podem estar ligados com épocas de pouca precipitação e, por isso, de menos comida.
Roma Antiga foi um lugar perigoso para ser imperador. Afinal, durante os mais de 500 anos da sua história, cerca de 20% dos 82 imperadores foram assassinados quando estavam no poder, escreve o Live Science.
De acordo com um novo estudo, que será publicado na edição de outubro da revista científica Economics Letters, podemos culpar a chuva. O raciocínio dos cientistas é que, quando a precipitação era baixa, as tropas romanas – que dependiam da chuva para que os alimentos cultivados pelos agricultores crescessem – podiam morrer de fome.
“Isso levava os militares ao limite de partirem para um motim”, afirma o principal pesquisador do estudo, Cornelius Christian, professor assistente de Economia na Brock University, em Ontário, no Canadá. “E esse motim, por sua vez, fazia com que o apoio ao imperador entrasse em colapso, tornando-o mais propenso a ser assassinado”.
O pesquisador chegou à conclusão ao utilizar dados antigos, relacionados com o clima, provenientes de um estudo publicado, em 2011, na revista Science.
Na pesquisa, a equipe de cientistas analisou milhares de anéis de árvores fossilizados da França e da Alemanha e calculou os valores de precipitação nesses locais (expressos em milímetros) em todas as primaveras dos últimos 2.500 anos. Esta área já fez parte da fronteira romana, onde as tropas militares ficaram “estacionadas”.
Em seguida, Christian recolheu dados sobre motins militares e assassinatos de imperadores romanos. A partir daí, “foi apenas uma questão de juntar os diferentes pedaços de informação”, explica.
O cientista ligou todos os dados através de uma fórmula e descobriu que “menores valores de precipitação significava que havia mais probabilidades de virem a acontecer assassinatos, isto porque pouca chuva também significava menos comida“.
Um desses casos é o Imperador Vitellius, assassinado em 69 d.C., um ano de pouca chuva no Império Romano. “Foi um imperador aclamado pelas tropas”, explica o cientista da universidade canadense. “Infelizmente, foi surpreendido pelas chuvas escassas daquele ano. As tropas se revoltaram e, eventualmente, foi assassinado em Roma“.
Mas, como é frequentemente, muitos fatores podem levar a um assassinato. Por exemplo, o Imperador Commodus foi assassinado em 192 d.C. porque, em parte, os militares ficaram indignados quando ele começou a agir acima da lei, inclusive fazendo com que os gladiadores perdessem de forma propositada no Coliseu.
Não foi uma seca que levou ao assassinato de Commodus, “mas geralmente há uma seca que precede ao assassinato do imperador”, afirma Christian. “Não estamos tentando dizer que a chuva é a única explicação para todas as coisas. É apenas uma das muitas variáveis potenciais que podem levar ao crime”.
Contudo, este é um estudo preliminar que precisa de uma pesquisa mais profunda defendem outros cientistas, até porque a maioria dos assassinatos na Roma Antiga aconteceram simultaneamente com outros fenômenos como inflação, surtos de doenças e guerras externas.
Ciberia // ZAP