“O presidente atual Michel Temer é o chefe da Organização Criminosa da Câmara.” Quem afirma é o empresário Joesley Batista, sócio do grupo J&F. Delator da Lava Jato, ele concedeu entrevista à revista Época.
“Temer, Eduardo, Geddel, Henrique Alves, Eliseu Padilha e Moreira Franco. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles”, disse.
Batista contou que quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ) assumiu a presidência da Câmara começou a tratar direto com ele.
“O Eduardo, quando já era presidente da Câmara, um dia me disse assim: ‘Joesley, tão querendo abrir uma CPI contra a JBS para investigar o BNDES. É o seguinte: você me dá R$ 5 milhões que eu acabo com a CPI’. Falei: ‘Eduardo, pode abrir, não tem problema’. ‘Como não tem problema? Investigar o BNDES, vocês.’ Falei: ‘Não, não tem problema’. ‘Você tá louco?’ Depois de tanto insistir, ele virou bem sério: ‘É sério que não tem problema?’. Eu: ‘É sério’. Ele: ‘Não vai te prejudicar em nada?’. ‘Não, Eduardo.’”
“Ele imediatamente falou assim: ‘Seu concorrente me paga R$ 5 milhões para abrir essa CPI. Se não vai te prejudicar, se não tem problema… Eu acho que eles me dão os R$ 5 milhões’. ‘Uai, Eduardo, vai sua consciência. Faz o que você achar melhor.’ Esse é o Eduardo. Não paguei e não abriu. Não sei se ele foi atrás. Esse é o exemplo mais bem-acabado da lógica dessa Orcrim.”
Segundo Batista, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) era “o mensageiro” do presidente Michel Temer, responsável por informá-lo sobre o silêncio de Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, ambos presos desde o ano passado pela Lava Jato.
“E toda hora o mensageiro do presidente me procurando para garantir que eu estava mantendo esse sistema”, disse o empresário.”Geddel era o mensageiro. De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois. O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu”, declarou.
Joesley Batista disse não ter dúvidas de que Temer estava consciente do esquema. “Sem dúvida Temer sabia dos pagamentos. Depois que o Eduardo foi preso, mantive a interlocução desses assuntos via Geddel. O presidente sabia de tudo”, disse.
Ele afirmou que recebia pedidos do presidente. “O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, disse. “Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele e fazer esquemas que renderiam propina.”
“Teve uma vez também que ele me pediu para ver se eu pagava o aluguel do escritório dele na praça Panamericana, em São Paulo”, disse.
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