Cardiologista vai substituir Eduardo Pazuello no comando da pasta e será o quarto ministro a ocupar o cargo desde o começo da pandemia.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou na noite desta segunda-feira (15/03) que o médico Marcelo Queiroga será o novo ministro da Saúde, substituindo Eduardo Pazuello. A troca ocorre no pior momento da pandemia de covid-19 no Brasil, com recordes de mortes diárias e sistemas de saúde de vários estados em colapso. Queiroga será o quarto ministro da Saúde desde o começo da pandemia, há um ano.
O anúncio foi feito por Bolsonaro durante conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada.
“Foi decidido agora à tarde a indicação do médico Marcelo Queiroga para o Ministério da Saúde. Ele é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A conversa foi excelente, já o conhecia há alguns anos, não é uma pessoa que tomei conhecimento há poucos dias, e tem, no meu entender, tudo para fazer um bom trabalho dando prosseguimento em tudo que Pazuello fez até hoje”, afirmou Bolsonaro ao canal do YouTube Foco do Brasil, mantido por apoiadores do presidente.
Em seguida, o presidente confirmou a decisão em uma postagem no Twitter.
A nomeação de Queiroga será publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira e o processo de transição deve levar de uma a duas semanas, de acordo com o presidente.
Queiroga é natural de João Pessoa e se formou em medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele fez especialização em cardiologia no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, e sua área de atuação é em hemodinâmica e cardiologia intervencionista.
O principal desafio do novo ministro será acelerar o processo de vacinação em massa da população brasileira. Até agora, o país vacinou apenas cerca de 4,5% da população com a primeira dose de imunizantes, o equivalente e cerca de 9,7 milhões de pessoas. O Brasil acumula mais de 11 milhões de casos de covid-19 e mais 279 mil mortes.
Bolsonaro e Queiroga se reuniram à tarde no Palácio do Planalto para discutir a troca no comando da pasta. Antes, Bolsonaro cogitou a médica Ludhmila Hajjar para o cargo e chegou a se reunir com ela no domingo. No entanto, os dois não chegaram a um acordo e a médica disse que não aceitaria convite. Ela é especialista no tratamento da covid-19 e afirmou que não houve “convergência técnica” com Bolsonaro.
No ano passado, os antecessores de Pazuello, os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, deixaram o cargo por discordarem da política de Bolsonaro no tratamento da pandemia.
Pressão por saída de Pazuello
A pressão pela saída de Pazuello vinha se intensificando nos últimos dias, devido ao agravamento da pandemia no país, ao alto número de mortes e pela lentidão da campanha de vacinação.
Na tarde desta segunda-feira, Pazuello deu uma coletiva de imprensa para anunciar a aquisição de 138 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 e confirmou que o presidente mantinha tratativas para substituí-lo no cargo. No entanto, Pazuello disse que não pediria para sair.
“Eu não vou pedir para ir embora. Não é minha característica. Isso não é um jogo, uma brincadeira, ‘quero ir embora’. Isso é sério, é o país, uma pandemia, o ministério da saúde, salvar vidas”, disse.
A pressão sobre Pazuello aumentou quando ele divulgou cronogramas divergentes em relação à disponibilização de doses para vacinação no país.
“O cargo é do presidente da República, existe essa possibilidade desde que eu entrei, eu poderia ficar a curto, médio e longo prazo. Estamos a médio prazo”, afirmou.
Pazuello também disse que, se saísse, seus secretários continuariam trabalhando.
“Posso afiançar a todos os senhores. Não vamos parar nenhum minuto. Nem ontem, anteontem, hoje nem amanhã. Todos os meus secretários, interlocutores, assessores estão focados na missão. Havendo uma substituição, eles prosseguem na missão mantendo a continuidade das ações. Espero ter sido claro sobre esse assunto”, concluiu.