María García é um dos muitos casos de moradores de rua em Silicon Valley, nos EUA, que, apesar de terem emprego, não conseguem ganhar o suficiente para manter uma casa onde morar.
A história chega através de Maria João Bourbon, jornalista do jornal português Expresso, que esteve nos EUA, mais precisamente em Silicon Valley, região na Califórnia onde estão sediadas as maiores empresas de tecnologia, com María García.
A norte-americana de 45 anos trabalha em tempo integral, ganha 3 mil dólares por mês (mais de R$ 12 mil), paga impostos como qualquer outro cidadão que vive no país. Então, como se explica que seja uma moradora de rua?
De acordo com a reportagem, publicada no sábado (25) na Revista E, María não tem mais do que o carro para viver. O fim de um casamento de oito anos a empurrou para as ruas e, não tendo com quem viver, viu no automóvel aquilo que seria uma “casa temporária”.
A norte-americana está “parada” no estacionamento de uma pequena igreja batista em São José. No carro, “organizou e compartimentou toda a sua vida”, desde roupas sujas e lavadas, sapatos, produtos de higiene e outros objetos pessoais.
É também esse mesmo carro que a leva ao posto de trabalho todos os dias, o hospital Kaiser Permanente, onde trabalha como recepcionista. Antes, era ali que estacionava durante a noite para dormir em segurança.
Apesar de um emprego que “paga bem”, María não consegue fazer frente ao alto nível de vida de Silicon Valley, onde, na cidade de São José, o aluguel médio de um apartamento com apenas um quarto ronda os 2.666 dólares por mês, quase R$ 11 mil por mês.
Sozinha e sem conhecer ninguém na cidade californiana, a americana não consegue aguentar um aluguel. “E ainda há água e luz para pagar, o seguro e despesas do carro, impostos, alimentação… Esquece, não consigo”, lamenta à jornalista.
Ninguém diria que María dorme no carro. Sai “bonita, arrumada e de roupa lavada” para mais um dia de trabalho. Mas, por trás da aparência, está uma mulher que já passou muitas “noites mal dormidas” e com “medo de ser descoberta” (nesta região não é permitido por lei pernoitar no veículo).
À revista, María recorda os momentos de “desespero” que já passou, com coisas tão simples como se manter limpa. Antes de descobrir os banheiros da academia para os funcionários do hospital, chegou a ficar duas semanas sem tomar banho, tentando fazê-lo à pressa no lavatório de um McDonald’s ou de outra cadeia de fast food.
Já levou “nãos atrás de nãos” ao tentar um lugar nos vários abrigos disponibilizados pelo Estado norte-americano. Resta manter a esperança de conseguir uma vaga dentro do mesmo hospital em Fresno, na Califórnia Central, onde sempre viveu (as transferências podem demorar “um ano e meio”) ou ver seu nome no topo da lista para obter uma habitação permanente, o que pode demorar três anos.
Ciberia // ZAP