Um famoso hacker russo contou sobre o estilo de vida e hábitos dos hackers e a sua atitude em relação às atividades de arrombamento em entrevista ao site de notícias Lenta.ru.
Na opinião de Ares, é incorreto considerar que o arrombamento é a única e principal atividade de hackers.
“É evidente que antes assim eram chamados não os criminosos cibernéticos, mas os programadores experientes. Estes especialistas podiam raciocinar de forma não convencional e aplicar várias artimanhas no trabalho com sistemas informáticos e computadores”, disse ele, acrescentando que se considera um hacker somente deste ponto de vista.
Ares afirmou que não gosta quando o chamam de hacker, porque todos ficam com uma imagem de um desordeiro e sabotador cibernético.
“Como qualquer especialista na área de segurança de informação, em teoria sei como realizar arrombamentos de sites. Muitos anos atrás, somente por interesse formativo, arrombei dois ou três sites. Mas nunca voltei a esta prática, arrombamentos por si só não estão entre os meus interesses. Sou mais desenvolvedor do que hacker”, sublinhou Ares em entrevista ao Lenta.ru.
Os hábitos dos hackers
Ares disse que os estereótipos que se formaram em relação aos hackers são verdadeiros. Por exemplo, ele confirmou que tapa a sua câmera no notebook e desliga-a como equipamento na configuração do sistema. Além disso, não usa o Skype e outras aplicações parecidas em dispositivos eletrônicos com o módulo GSM.
Há mais um mito que também é verdade, afirmou Ares: muitos hackers usam celulares com botões em vez de smartphones.
Quanto ao seu estilo de vida, Ares afirmou que ele não é diferente do das outras pessoas. Mas os hackers que ganham a vida com arrombamentos, esses sim, não vão para o trabalho e podem passar noites perante o computador.
Entre as ideologias que hackers podem seguir são principalmente o criptoanarquismo e o cypherpunk.
Atitude de hackers em relação à política
A maioria dos hackers não gosta de discutir sobre política internacional. Entretanto, disse Ares, sua vantagem consiste em que as pessoas com bom jeito para busca de informações não têm dificuldades em criar uma imagem objetiva sobre assuntos que os interessam.
Quanto à situação na Síria ou Ucrânia, a guerra é sempre uma coisa má. Ares disse que em termos de guerra informacional é possível ser um participante ativo ou não participar. Mas é impossível ser um combatente sem treinamento especial.
O hacker acredita que a guerra de Anonymous travada contra o Daesh é apenas em palavras por muitas vezes, já que dezenas de hackers de vários grupos ou solitários se escondem sobre o nome de Anonymous:
“É uma marca, e qualquer ataque feito sob seu nome recebe publicidade em um instante.”
Quanto à confrontação russo-americana no espaço cibernético, Ares tem uma opinião clara. “Vou falar abertamente, os EUA se comportam como uma mulher histérica, e suas acusações na maioria dos casos não têm fundamento ou provas”, afirmou Ares.
Ele acrescentou que, contudo, não analisou profundamente os incidentes.
Hackers que trabalham para o Estado
O hacker russo confirmou que numa série de países existem organizações, tanto oficiais como não oficiais, onde trabalham especialistas em segurança de informação. Ares fez sua suposição como funcionam tais órgãos
“Lá, sem dúvida, há seções de inteligência cibernética. Os funcionários procuram a informação pessoal e contatos de funcionários de vários países e também instalações críticas para a infraestrutura do Estado.”
Segundo o interlocutor do Lenta.ru, outros especialistas podem se ocupar da espionagem e arrombamento.
Deve haver pessoas para analisar os mercados abertos e fechados de vendas 0day – ataque de dia zero, programas para atacar sistemas contra os quais ainda não existem mecanismos de proteção.
Além disso, nessas organizações trabalham desenvolvedores que criam as chamadas armas cibernéticas que agora são tão discutidas, disse o hacker. Ele explicou que é um produto complexo que pode conter uma série de exploradores de 0day.
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